“As ordens que tenho são para disparar primeiro e perguntar depois.”
Recordo a frase que me foi dita por um jovem soldado americano em Bagdade.
Já aqui o escrevi:
“Na maioria não passam de jovens que mais não fazem do que tentar sobreviver.”
São impressionantes as imagens agora reveladas do momento em que um helicóptero Apache dispara sobre dois jornalistas da Reuters e sobre os civis que os tentam socorrer.
Confundiram as câmaras… com armas.
Há 5 anos, igualmente em Bagdade, um helicóptero americano também confundiu a câmara do repórter de imagem da RTP, o Bruno de Jesus, com um lança mísseis.
Felizmente não nos acertaram. Furaram uma banheira que estava à venda no passeio em Karrada Street e o dono da loja ficou furioso connosco.
Boa tarde Luis. em tempos, também falei por aqui (http://makejetomosso.wordpress.com/2009/11/25/shooting-the-messenger/) da morte de Fadel Shana’a. No regresso de uma aldeia, após parar o Jeep para recolher mais imagens, o qual estava perfeitamente identificado com as palavras “Press” e “TV”, Fadel e outros três que o acompanhavam foram mortos por um projéctil disparado de um tanque Israelita. Fadel disse uma vez que «Eu não posso desistir do jornalismo. Só duas coisas me podem parar – se eu morrer, ou perder as pernas» Essas imagens que eu estive a ver esta manhã, são mesmo impressionantes. Algumas rajadas foram suficientes para ceifar a vida a 12 civis desarmados. Há quem lhe chame "Danos Colaterais" de uma guerra. Para outros, será um assassinato onde os culpados deveriam ser julgados e punidos. Mas nesta guerra, assim como nas outras, os que causam "Danos Colaterais" nunca são condenados. Ficam apenas as famílias das vítimas a chorar os que morreram, entregues à sua triste sorte. Abraço
E de notar que as imagens apenas vieram (tão "cedo" pelo menos) a público fruto de uma fuga no Pentágono e doações de cidadãos anónimos à Wikileaks para que fosse possível desencriptar o vídeo.
Olhe o meu comentário nada tem a ver com este assunto, ou melhor, até terá, em parte. Escrevo-lhe por aqui face aos imensos mails que lhe mandei e dos quais não tive resposta alguma. Sou pois o aluno da Guarda que em Janeiro lhe ligou para o convidar para participar na apresentação de um trabalho intitulado "Séc. XXI - Conflitos Modernos". Eu e os restantes elementos do grupo entendemos os seus imensos compromissos profissionais e apenas queriamos saber, se possivel, se queria e sobretudo se podia participar no Colóquio que se irá realizar no Teatro Municipal da Guarda, no próximo dia 6 de Maio, de hoje a um mês, pelas 14H30M.
Bruno, começo por te/vos pedir desculpa. Quando me contactaram eu estava no meio do processo que me levaria de regresso ao Afeganistão, pelo que não vos podia garantir a minha presença no momento que pretendiam. Quanto aos emails que me enviaram, na verdade, recebo dezenas (por vezes centenas) de emails por dia. Quando não conheço o endereço, simplesmente apago. Assim, compreendam que não foi intencional. Julgo que ainda têm o meu número de telemóvel, certo? Liga-me. Se eu não atender, envia um sms com o assunto que eu devolverei a chamada logo que possível. Luís Castro
Compreendemos perfeitamente e nunca pensámos que teria sido intencional. Posto isto, então vamos-lhe ligar na próxima terça-feira, dia 13 de Abril, entre as 12:00 e as 13:30 (Hora da aula de Área de Projecto).
Tenho imensa pena dos familiares que sofrem com a sua ausência, com medo de receber uma noticia da morte do seu filho, pai, marido, amigo. Outro assunto, concordo consigo quanto à situação da policia face ás multas, eles estão em locais estratégicos para que por dia consigam um determinado número de multas, depois durante o resto do dia não fazem mais nada.
Fiquei muito impressionada com estas imagens, com o que vi e ouvi, mas, estranhamente ou não, dei por mim a não conseguir julgar estes soldados. Foi um erro, é certo, um erro horrível, mas um cenário de guerra é por si só horrível e deve ser entendido dessa forma. A margem para erros é a diferença entre a vida e a morte, entre matar o inimigo e um civil inocente. Aqueles soldados não são pessoas no seu estado normal, mas sim máquinas de guerra sujeitos a grandes pressões. Mas melhor do que eu para falar sobre isso, és mesmo tu, Luis. Pela minha parte não consegui julgá-los, apenas lamentar a mortes de pessoas inocentes. Beijinho
O que choca nestas imagens é a forma como se decide matar alguém. Até parece que estão num um jogo de play station. Agora imaginem o que fica por saber numa guerra... Bjs LC
Percebo o que queres dizer e concordo. Só tento compreender até que ponto estes jovens estão no seu juizo perfeito num, cenário destes ao fim de tanto tempo. Mas é como eu disse, tu melhor que ninguém podes dizer se têm algum tipo de perdão, ou não. Beijo
Que erro humano tão cruel..., é irreal. Não... não é um ensaio para um espectáculo sobre a insanidade mental, é uma fria e ignobil realidade. bj mmoura
O que diferencia este massacre das centenas que aconteceram no Iraque e que continuam a acontecer no Afeganistão? Terem morrido jornalistas? Quem é que tem justificado as guerras de invasão americanas senão a comunicação social e os seus comentadores. São estes srs que agora ficam muito sensibilizados...só porque morreram jornalistas! De Portugal quem lá devia estar era o Nuno Rogeiro, o Vasco Rato, o Gen. Loureiro dos Santos, etc...
Os helicópteros apaches actuam a tal distância que as suas vítimas nem se apercebem da sua presença...
Não, caro amigo. Já aqui publiquei fotos e relatos de mortos civis no Iraque, Afeganistão, Guiné, Angola, RD Congo, etc.. Neste incidente morreram dez pessoas, só dois eram jornalistas. Ab. LC
"mortes legais"?! Calma aí, então, os profissionais arriscam a vida para informar o mundo e as mortes, ainda que devido a regras erradas como foi dito, são legais? De uma brutalidade extrema essas imagens mas ainda bem que mostram pela milésima vez que os EUA estão longe de aliarem o seu poder à inteligência e saberem o que significa "não meter o nariz onde não é chamado"...
Olá Luís, antes de mais parabéns pelo teu trabalho, já não te vejo a uns tempos na TV porque saí de Portugal mas parece que continuas no activo :)
Sobre o que aconteceu, é de lamentar que estas coisas aconteçam. Mas também era difícil de saber se era um jornalista ou se era uma pessoa armada... Como deves de entender, não podiam ir perguntar ao homem se tinha uma arma ou não (iam arriscar a vida ?).
Jornalista desde 1988
- 8 anos em Rádio:
Rádio Lajes (Açores)
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RTP:
Editor de Política, Economia e Internacional na RTP-Porto (2001/2002)
Coordenador do "Bom-Dia Portugal" (2002/2004)
Coordenador do "Telejornal" (2004/2008)
Editor Executivo de Informação (2008/2010)
Enviado especial:
20 guerras/situações de conflito
Outras:
Formador em cursos relacionados com jornalismo de guerra e com forças especiais
Protagonista do documentário "Em nome de Allah", da televisão Iraniana
ONG "Missão Infinita" - Presidente
Obras publicadas:
"Repórter de Guerra" - autor
"Por que Adoptámos Maddie" - autor
"Curtas Letragens" - co-autor
"Os Dias de Bagdade" - colaboração
"Sonhos Que o Vento Levou" - colaboração
"10 Anos de Microcrédito" - colaboração