Quinta-feira, 5 de Fevereiro de 2009

Que merda de leis são estas?

Apetecia-me soltar um ror de palavrões!

E teria muitos!

 

“A técnica de serviço social com a menina ao colo, já dentro do carro, com a criança aos gritos a dirigir os braços para aquelas que sempre conheceu como mãe e avó; os agentes da PSP, confusos entre o dever e a emoção; Lurdes desesperada a suplicar que não lhe levem a pequenita; os vizinhos incrédulos com a violência inaudita da cena. Foi assim, ontem à tarde, que culminou a retirada da pequena Ana, de 3 anos, à família que a acolhia desde os três meses de idade.”  

(...)

"A Ana Carolina dormia, acordou estremunhada e olhou espantada para as técnicas e para os polícias. Eu bem lhes roguei que não a levassem assim, a menina é doente, muito asmática, mas nada adiantou. Nem a roupinha dela levaram, estavam cheias de pressa. Dos polícias nada tenho a dizer, um deles até tinha lágrimas nos olhos, pois bem viu como a menina chamava por mim e até disse que tinha uma filha daquela idade", chorou Lurdes, inconformada.”

 

Mais pormenores da notícia do Correio da Manhã

 

Lei não cumprida

“A família de acolhimento deveria ter ficado com a menina apenas por seis meses, segundo a lei. A Segurança Social, que agora argumenta com o cumprimento da legislação, foi a primeira entidade a violar a lei e a criar o problema”.

 

Sem transição

“A legislação prevê que a saída da criança da família de acolhimento seja preparada, considerando mesmo que esta se deve efectuar com antecedência não inferior a um mês. A Segurança Social, todavia, actuou de imediato, retirando a menina à força e sem cumprir qualquer transição.”

 

Decisão judicial

“Uma decisão do Tribunal de Família e Menores, depois confirmada após recurso, decidiu pela entrega da criança a uma instituição até à sua adopção.”

 

Luís Castro

*** Este blogue é um espaço pessoal e em nada vincula a RTP.

publicado por Luís Castro às 16:09
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102 comentários:
De patti a 5 de Fevereiro de 2009
É revoltante!
Tudo é permitido, a impunidade é nula, não se olha aos direitos de nada nem de ninguém.
É o tudo por tudo.
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Bjs.
Já não a lia por aqui há uns tempitos...
LC
De bluewater68 a 5 de Fevereiro de 2009
Luis Castro,
a lei é clara: As famílias de acolhimento não podem adoptar.
Mas isto é claro desde que a lei seja cumprida e ninguém aldrabe o processo, ou faça asneira da grossa.
«A família de acolhimento deveria ter ficado com a menina apenas por seis meses, segundo a lei. A Segurança Social, que agora argumenta com o cumprimento da legislação, foi a primeira entidade a violar a lei e a criar o problema.»
Seis meses passaram a anos. E agora, aplica-se a lei porque a lei é clara.
Vamos pensar de outra maneira. E levar a julgamento a Segurança Social e quem foi responsável por esta situação? Esses, provavelmente, vão ficar impunes, podendo mesmo, voltar a fazer asneira da grossa. Só que esses não são o elo mais fraco, e nestas coisas, já se sabe, quem se lixa é o mexilhão.
A lei poderá não estar errada. Errados estão os serviços sociais que não funcionam como deviam. E se no caso da Esmeralda, deixaram o rapto prolongar-se no tempo, agora, para evitar 'coisas', agiram à bruta. É o 8 ou 80 a funcionar em pleno.
Apetecia-me soltar um ror de palavrões!
E teria muitos!
Cumprimentos
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De GorgeousMind a 5 de Fevereiro de 2009
Olá Luís!
Estas notícias são para mim muito difíceis de ouvir e até de comentar, às vezes até evito ouvi-las porque para mim depois é difícil desligar-me e recompor-me.
A minha opinião também é uma gota num oceano vasto, mas o Luís talvez, quem sabe, possa fazer algo.
Estas crianças, ao sofrerem traumas destes, nunca, mas nunca mais os vão esquecer e vão ficar marcadas para o resto das suas vidas. Era bom que pensassem muito bem antes de fazer isto às crianças.
Eu sou adulta e tenho pavor destas situações, como é que é possível...
Há, de certeza, outra forma de resolver as coisas. A Igreja também não se pronuncia nem diz nada, isto não pode acontecer. Caramba!!!
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De à Nora a 5 de Fevereiro de 2009
Infelizmente os primeiros a não cumprirem as leis são os organismos estatais. Julgam-se acima da lei e actuam como verdadeiros terroristas.
Ontem nem de propósito ouvi de raspão uma frase de Barak Obama "o exemplo tem de vir de cima".
Se querem que neste país haja respeito e liberdade, quem está em cima tem forçosamente de começar a dar o exemplo .
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Quando o Estado é o primeiro a não cumprir, que autoridade tem para fazer cumprir a lei???
Ab.
LC
De à Nora a 6 de Fevereiro de 2009
É mesmo isso.
Que moral e que direito tem o Estado e os seus instrumentos de fazerem cumprir seja o que for, quando são eles os primeiros a infringirem a lei e até se gabam disso!"
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De Virgínia a 5 de Fevereiro de 2009
Olá Luis
Não tenho palavrões suficientes para classificar as pessoas que, no Tribunal de Menores e na Segurança Social, cometem actos de tal violência contra uma criança indefesa.
A esta violência chama-se " o superior interesse da Menor"?
A Família que a acolheu, deu-lhe tudo... até amor!
Não seria esta família, que assim deseja, ser escolhida para adoptar esta criança?
Aqui está uma grande injustiça... este assunto poderia ser resolvido entre 'adultos' sem fazer sofrer esta menina... é mais uma...
E hoje, na Comunicação Social, vem 'um iluminado' dizer que os critérios de adopção são diferentes dos critérios de escolha de família de acolhimento.
Eu pergunto... se esta família serviu durante três anos para cuidar da menina, agora torna-se 'família non grata'?
A Justiça foi, mais uma vez, desumana e cega; condenou uma inocente!
Luís, desculpe, mas assuntos de crianças maltratadas e violentadas, provocam-me muita revolta.
Beijos

De Jorge Soares a 6 de Fevereiro de 2009
Boa tarde.

Sou pai adoptivo e biológico, estas situações revoltam-me como a si e a todo o mundo.. mas... .respondendo a esta sua pergunta:

"Não seria esta família, que assim deseja, ser escolhida para adoptar esta criança?"

A resposta é não, não seria. As pessoas que se candidatam a familias de acolhimento sabem perfeitamente que estão impedidas por lei de adoptarem as crianças, e sabem isso desde que o inicio. O que acontece é que há muita gente que devido ao prolongado tempo de espera dos processos de adopção, se candidata a ser familia de acolhimento com a esperança de que o provisório passe a definitivo.

É evidente que o que aconteceu aqui não parece muito correcto, mas depois de tudo o que aconteceu no caso Esmeralda em que andaram anos a brincar com a justiça e as decisões dos tribunais, a juiza optou pelo seguro.. e sabe uma coisa, eu no caso dela teria feito o mesmo.. até porque a senhora não tinha aparecido na segurança social quando tinha sido convocada.

Já agora deixo aqui o convite a que leiam o que escrevi sobre um caso parecido a este em Novembro de 2007, é aqui:http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/12300.html

Jorge Soares
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Vou ler, mas em tr~es anos alguém a abandonou: o Estado; e alguém a cuidou: a família.
E em tr~es anos formam-se inúmeros laços.
Ab.
LC
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De António a 5 de Fevereiro de 2009
Já começam a ser erros a mais, vindos da segurança social, para quando uma remodelação para aqueles lados?
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Ou vassourada em alguns.
LC
De Rafael Marcelino a 5 de Fevereiro de 2009
Caro Luis. isto peca pelo bem estar dos funcionários da Seg. Social em que ninguém os incomoda ou responsbiliza.Depois, o Estado deveria criar e ter as condições para acolher em pleno este tipo de situações em crianças. Deveriam ser muito rápidas nas decisões para entrega das Crianças a Familias de acolhimento paternal e bem assim acompanhá-las depois uns tempos que achassem necessário para confirmar a sua enterga, como BOA.
Isto é mais uma vergonha mais por culpa de uma Lei Boa e de gente que Nada faz nem é responsabilizada.Esses trabalhadores da S.Social se estivessem no CANADA iam dar uma curva ao mais pequeno descuido no trabalho.Neste País as crianças são super-protegidas.Pois é....o regobofe em Portugal continua.
Um abraço
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De Alberto Fernandes a 5 de Fevereiro de 2009
Que merda de leis são estas?
Que merda de país se está a tornar este?
Que merda de políticos nos governam?
Que merda!!
Já chega!!!!!!!!
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De José Fernandes a 5 de Fevereiro de 2009
Boa noite,

Confesso que não conheço o caso e que estou a saber apenas através do teu blog, mas este é mais um caso parecido com o da menina de Torres Novas.

Eu só não entendo, quando ouço dizer que existem milhares de crianças institucionalizadas, e depois quando alguém que começa por ser família de acolhimento, depois não pode adoptar a criança.
Sinceramente, não entendo !!!

Abraço
JF
De Jorge Soares a 6 de Fevereiro de 2009
Boa tarde

É evidente que há uma explicação lógica para o facto de as familias de acolhimento não poderem adoptar, e tem a ver com dois motivos a saber:

1- As crianças que vão para adopção, são crianças que não tem como projecto de vida a adopção. São crianças que foram entregues pelas familias ou retiradas pelo estado, mas que a segurança social ou o tribunal de menores entendem que poderão voltar para a familia, por isso escolhem a entrega em acolhimento já que este é um vinculo que não é definitivo. É claro que as familias que se oferecem para acolhimento sabem isto e sabem também que não poderão adoptar essa criança.

2- A lei não permite que as familias de acolhimento adoptem porque para adoptar é necessário passar por um processo de avaliação que estas familias não passam e para evitar que o acolhimento seja simplesmente uim atalho para as dificuldades dos processos de adopção.

Jorge Soares
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
E quem abandonou a criança durante três anos, permitindo que se criassem todos os laços que agora foram cortados abruptamente?
O Estado!
Ab.
LC
De Jorge Soares a 6 de Fevereiro de 2009
Luis, eu estava a explicar o motivo pelo qual as familias de acolhimento não podem adoptar.

O facto de a familia ter a criança com ela 3 anos invalida em algo o facto de que desde o inicio sabiam que não podiam adoptar a criança e que isto ia acontecer?

Jorge Soares
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Sim, Jorge,
mas a lei aqui não deveria mostrar-se "cega" à violência psicológica que foi e está a ser exercida sobre aquela criança, retirando-lhe a única mãe que ela conhece enquanto papel exercido durante estes tr~es anos.
E agora vai impor-lhe uma outra família que ela não conhece, ou deixá-la na "montra" à espera que alguém a queira.
É por isso que me sinto revoltado.
Mas também continuo a não perceber porque se corta a possibilidade de essas famílias se candidatarem, uma vez que o próprio Estado lhes reconheceu capacidade para que elas tomem a seu cuidados essas crianças atté seis meses.
Ab.
LC
De Jorge Soares a 6 de Fevereiro de 2009
Luís, eu esperei 4 anos para adoptar o meu filho e adoptei uma criança de cor e com problemas de saúde, neste momento estou no segundo processo de adopção e além de ter de repetir todo o processo de avaliação, dizem-me que tenho que esperar mais uns 4 anos para uma criança até aos 6 anos sem descriminação de raça.

Eles de certeza que esperaram 1 ou dois meses, e receberam um bebe branco e saudável, o sonho de 95 % das pessoas que querem adoptar. É evidente que sabiam que era só por seis meses... mas as pessoas jogam com a incompetência e o desleixo da segurança social...e depois, quando são chamadas a entregar a criança, já seja porque vai ser devolvida à família ou porque finalmente vai para a adopção.... não aparecem e quando a criança é finalmente retirada...chamam a comunicação social e é o que vimos aqui. Há muita gente que vai pelo mundo e em lugar de ir pela estrada segue os atalhos... é por isso que à partida as pessoas são informadas que não podem adoptar.... para que saibam que o acolhimento não pode ser um atalho para a adopção.

Abraço e bom fim de semana.
Jorge Soares
De Luís Castro a 8 de Fevereiro de 2009
Jorge,
gostaria de saber mais sobre as dificuldades com que se está a deparar neste segundo processo.
Se estiver interessado, envie o seu contacto para o mail do blogue.
Ab.
LC
De José Fernandes a 7 de Fevereiro de 2009
Boa noite Jorge,

Muito obrigado pelo esclarecimento, mas quando digo que não entendo, digo-o porque considero que as crianças sofrem imenso com estas mudanças.

É claro que quando uma criança vai para casa de uma família de acolhimento por um período de 6 meses e fica lá 3 anos cria laços, que são traumáticos quando se cortam.
De quem é a culpa ? Do mau funcionamento da Segurança Social.
Quem são as vitimas ? As crianças

Parabéns pela coragem que teve em adoptar uma criança.

JF
De Luís Castro a 8 de Fevereiro de 2009
Visto.
LC
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Nem eu!
Ab.
LC
De Sónia Pessoa a 6 de Fevereiro de 2009
eu lancei a confusão lá no meu cantinho, ou melhor, arrasteia-a daqui para lá... se quiseres passa lá e deixa a tua opinião, uma vassourada, qualquer coisa.

P.S. ando para te ligar mas o astral aqui anda complicado. temos de falar... beijinhos
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Vou ver.
Liga.
Bjs
LC
De Pedro Oliveira a 5 de Fevereiro de 2009
A resposta é simples são leis de merda, aplicadas por gente sem coração! somos um país de merda gerido por fdp's.Pronto já disse!

p.s.preciso que me respondas aos maill's.Abraço
De Autores do blog a 6 de Fevereiro de 2009
Caro Luís, peço-te que divulgues este evento no teu blogue e pelos teus contactos:
http://vilaforte.blogs.sapo.pt/88110.html
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Ok.
LC
De Luís Castro a 6 de Fevereiro de 2009
Liga, pf.
LC

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Perfil

Jornalista desde 1988
- 8 anos em Rádio:
Rádio Lajes (Açores)
Rádio Nova (Porto)
Rádio Renascença
RDP/Antena 1

- Colaborações em Rádio:
Voz da América
Voz da Alemanha
BBC Rádio
Rádio Caracol (Colômbia)
Diversas - Brasil e na Argentina

- Colaborações Imprensa:
Expresso
Agência Lusa
Revistas diversas
Artigos de Opinião

RTP:
Editor de Política, Economia e Internacional na RTP-Porto (2001/2002)
Coordenador do "Bom-Dia Portugal" (2002/2004)
Coordenador do "Telejornal" (2004/2008)
Editor Executivo de Informação (2008/2010)

Enviado especial:
20 guerras/situações de conflito

Outras:
Formador em cursos relacionados com jornalismo de guerra e com forças especiais
Protagonista do documentário "Em nome de Allah", da televisão Iraniana
ONG "Missão Infinita" - Presidente

Obras publicadas:
"Repórter de Guerra" - autor
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