A pedido do Luís Castro, venho aqui relatar um pouco desta experiência vivida no Iraque. Embora o prefira fazer através da objectiva da câmara, não posso deixar de dar um pequeno contributo a este Blog que tanto sucesso tem feito.
Depois de Israel (Faixa de Gaza) em 2005 e Kosovo em 2007, este foi sem dúvida o local mais complicado onde efectuei reportagem ao serviço da RTP.
Quando me fizeram o convite, não pensei duas vezes. “ Sim, aceito!", respondi de imediato. Falaram-me da situação complicada no país, do perigo na realização do trabalho, mas este é o tipo de reportagem que eu gosto. As Reportagens de Guerra sempre foram um objectivo no meu horizonte profissional, também pelo serviço militar cumprido no Regimento de Comandos que me deixou boas recordações.
Além de ser gratificante para qualquer jornalista poder trabalhar num local onde a história mundial acontece diariamente, é fantástico saber que será através objectiva da nossa câmara que milhões de pessoas vão receber as noticias do que se passa no Iraque. Infelizmente foram mais as más do que as boas. Mas o estarmos lá, o sermos nós a contar, foi muito bom.
O perigo e o risco existem e são bem reais, mas acho que pensamos mais nisso antes de lá chegarmos e talvez agora que nos encontramos no sossego de casa. Os dias no Iraque eram vividos de forma tão intensa que não tínhamos tempo para pensar nos possíveis riscos que estaríamos a correr. Quando nos esquecíamos, o amigo Bassim estava lá para nos lembrar. Desde os tempos de tropa que sempre soube que não existem heróis e nesta nossa deslocação, por vezes, arriscámos mas sempre de forma consciente, pois que adianta ter “o boneco” e depois não estarmos cá para poder o mostrar a todos?
O sabermos que as imagens por nós captadas
Foi bom ver uns rasgos de felicidade no olhar daqueles jovens soldados americanos ao terem conhecimento de que talvez a família os pudessem ver na televisão. Um sorriso que, por breves instantes, quebrou a dureza dos dias de combate e o receio dos perigos constantes.
Foi bom ver que no meio daquela realidade, às vezes difícil de imaginar, ainda existem momentos de felicidade no sorriso, no olhar e nas brincadeiras das crianças. Elas fizeram-nos esquecer que estávamos num pais em guerra.
Foi bom ver que a Directora do Museu de Bagdade tem esperança na recuperação de muitas das quinze mil peças roubadas e que estão a trabalhar no restauro de outras para brevemente reabrirem ao público.
Resta partilhar a esperança de todos aqueles, em especial todos os amigos que por lá deixámos, possam também um dia ter a alegria e a oportunidade de saber o que é viver em paz.
Bassim, nunca te esqueças o que aquela jovem nos disse no parque infantil: “As flores continuam a abrir todos os dias no Iraque “ . Força e obrigado por tudo!
Agradecimentos:
Este trabalho no Iraque, apesar de todo o risco que envolvia, foi bastante facilitado por estar na companhia de um jornalista com bastante experiência e profissionalismo nestes cenários de guerra.
Obrigado por tudo Luís.
Aproveito esta oportunidade para agradecer todas as mensagens de incentivo e apoio que foram deixando nestas páginas.
Acreditem que foram importantes.
Um Abraço a todos.
Paulo José Oliveira ( repórter de imagem)