O alerta surgiu este fim-de-semana: “um grupo da Al-Qaeda entrou na capital iraquiana para cometer ataques suicidas”, dizia em comunicado o exército americano. Na verdade, eu já o sabia desde o dia em que comecei a acompanhar os rangers
Em cinco anos explodiram cerca de cinco mil e quinhentos carros-bomba no Iraque, na grande maioria
O impacto faz abanar as janelas do nosso hotel.
- Esta foi perto! – diz o Bruno.
Vamos à janela do quarto e vemos uma nuvem de fumo a menos de cem metros. Abandonamos a peça que estávamos a montar e corremos para a rua. Alguma coisa explodiu num dos acessos ao hotel. Um dos seguranças agarra num pedaço de chapa retorcida, mas deixa-o cair de imediato. Está muito quente. Chegam carros dos bombeiros, ambulâncias e polícias. Começamos a filmar, mas somos rapidamente afastados. Dizem que pode haver um segundo carro bomba. É um comportamento habitual entre os terroristas: colocam um carro que explode, logo depois aproximam-se polícias e populares para socorrer os feridos e é então que fazem detonar os explosivos da segunda viatura. Compreendo a preocupação deles, só que as imagens não podem ficar para mais tarde. Temos que captar o que está acontecer. Furamos o cordão e aproximo-me do oficial que parece estar a comandar as operações. Mais uma vez a pergunta:
- De onde são?
- Somos de Portugal?
- Ah, Portugal! – virando-se para os subordinados, diz-lhes: Portugal fica depois da Espanha e junto a Marrocos. Portugal é um país muçulmano. Podem filmar!
Não desfaço o engano e começamos os dois a filmar, eu e o Bruno, agora junto ao carro que ficou completamente desfeito. Teria entre cento e cinquenta a duzentos quilogramas de explosivos e foram accionados por um dispositivo de controlo remoto. Houve quem tivesse visto o terrorista a carregar no botão de um pequeno aparelho que tirou do bolso e a entrar numa de duas viaturas que o esperavam. Da forma como o carro estava estacionado e o momento em que a bomba foi detonada, mais não pretendia do que atingir quem passava. Apenas civis. Morreram duas pessoas e várias ficaram feridas. Nós fomos poupados porque havia um pequeno edifício que nos protegeu da onda de choque e dos estilhaços.
O Bassim prometeu-me que irá responder aos vossos comentários.
Espero pela chegada para publicar.
Obrigado a todos.
Luís castro