Obama mantém duas guerras: Iraque e Afeganistão e está num crescendo de tensão com o Irão.
O Comité do Nobel justifica a escolha "pelos seus extraordinários esforços para o fortalecimento da diplomacia internacional e da cooperação entre os povos".
É verdade que o actual presidente americano desanuviou a tensão que existia, especialmente contra os Estados Unidos.
Não há qualquer dúvida de que Obama trouxe esperança ao Mundo.
Mas é demasiado cedo.
Seria prudente esperar mais um ou dois anos.
Vejo, no entanto, um ponto positivo:
Obama passa a ter uma nova responsabilidade perante o Mundo.
Com este Nobel da Paz, o presidente americano pensará melhor sobre o que fazer no Afeganistão – a guerra que o próprio Obama escolheu.
Uma grande surpresa mas o prémio foi bem entregue! O "homem mais poderoso do mundo" ainda não fez aquilo a que se propôs - e certamente não fará tudo - mas já demonstrou o que pretende.
No primeiro dia como presidente, Barack Obama ordenou o encerramento de Guantánamo (grave violação dos direitos humanos) para depois, na política externa, tentar reconciliar os Estados Unidos com a América Latina, a Rússia e o Médio Oriente, em suma, com o Mundo. Obama abriu um novo capítulo da diplomacia americana em África, ao enviar Hillary Clinton ao Gana (e não ao Quénia) com uma mensagem de apoio ao desenvolvimento do continente e no combate à fome e às suas raízes: a guerra e a corrupção.
Colocou os Estados Unidos em sintonia com a comunidade internacional ao procurar combater as alterações climáticas e empenhar-se na redução das emissões de CO2. Washington prepara-se para estabelecer um compromisso na Cimeira do Clima de Copenhaga em Dezembro, que deverá substituir Quioto, protocolo que escandalosamente os EUA e a Austrália nunca subscreveram.
Também iniciou a retirada das tropas do Iraque... mas aqui alguns dirão que está mobilizar forças no Afeganistão. Sim, no entanto, um grande líder é aquele que procura soluções definitivas e não aquele que tapa o sol com uma peneira. Existe uma guerra e seria, na minha humilde opinião, um erro com consequências nefastas, além de ser um sinal de fraqueza, deixar o Afeganistão entregue a si mesmo, entregue ao fundamentalismo, qualquer que ele seja. A tirania e o terrorismo não se resolvem com um virar de costas.
Não digo que tudo são maravilhas. É preciso não esquecer que todas as nações têm os seus interesses numa vida política internacional com apenas uma lei: a do mais forte. Mas isso sempre foi assim desde o primórdio dos tempos, com todos os impérios.
Concluindo, o prémio Nobel da Paz foi bem entregue. Ele não premeia um passado mas estimula um futuro, um futuro de paz e harmonia entre povos. O galardão é, assim, um instrumento de acção na procura da paz e não apenas um reconhecimento. Barack Obama tem agora a legitimidade reforçada na procura do diálogo e também uma maior responsabilidade em seguir o azimute que traçou.
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