Das 7 idas à Guiné, nunca tinha visitado o Saltinho.
Desta vez guardei o último dia para dar um mergulho.
Quedas de água do rio Corubal.
O repórter de imagem Nuno Patrício e o motorista, o Bala!
Comprar cajú.
Cruzamento de Bambadinca
Almoço de ostras, em Quinhamel.
Jornalistas da RTP, SIC e RDP.
O Nuno, esse Ganda Maluco!!!
Durante o funeral do general asssassinado.
Luís Castro
Guiné-Bissau
Milhares de pessoas – mais por curiosidade – haviam saído às ruas de Bissau.
Nessa altura seguia ao lado da urna, quando dei por mim a reviver tudo o que ele me fizera passar onze anos antes.
No final, perdoei-lhe. Mas não esqueci!
Nunca falei pessoalmente com o presidente assassinado, mas as nossas vidas cruzaram-se em 1998, durante a guerra civil da Guiné-Bissau. Nessa altura tive de fugir do país após uma comunicação interceptada pela fragata portuguesa onde era dada ordem para me matar a mim e ao meu repórter de imagem. Dias antes já passara por três interrogatórios, um dos quais de arma apontada à cabeça.
Momento em que Nino Vieira se refugiou na embaixada portuguesa (1999)
Durante o funeral de Nino Vieira não vi uma lágrima dos filhos (terá 25 filhos) e gritos apenas os das “carpideiras”. Como alguém disse, que país era aquele que Nino Vieira pretendia construir onde o próprio não queria que os filhos vivessem?
Nenhum vivia na Guiné.
Luís Castro
Guiné-Bissau
*** Hoje começarei a responder aos vossos comentários.
Estou a entrar na delegação da RTP em Bissau quando oiço alguém gritar: “Conseguimos uma vitória! Conseguimos uma vitória!” Olho e vejo Malam Biao de braços aberto que vem na minha direcção para me dar um abraço. Malam é o professor muçulmano que combate as redes de tráfico de crianças na Guiné, umas são postas nas ruas a pedir, outras são escravizadas sexualmente.
Há uma semana, a RTP emitiu para todo o mundo uma reportagem com três meninas com idades entre os 11 e os 14 anos e que estiveram fechadas num quarto no Senegal durante oito anos! Violadas e escravizadas, os traficantes só as libertaram porque as meninas ficaram grávidas. O nosso trabalho mereceu os parabéns da agência Reuters e a atenção das autoridades guineeenses e internacionais.
O que o professor Malam me queria dizer era que a nossa reportagem fizera com que a Polícia Judiciária decidisse partir à procura de pelo menos um traficante, o que já raptou mais de sessenta crianças das tabancas do interior da Guiné. O caso vai para o Ministério Público e será enviado para o Senegal, onde se julga estar muitos dos traficantes de “Crianças Talibés”.
Luís Castro
Guiné-Bissau
Primeiro chocou-me, depois entendi.
E entendi porque o mundo virou as costas a este problema.
Há crianças que são usadas como traficantes e que acabam por se tornar toxicodependentes.
Em Quinhamel, a 40 kms de Bissau, o pastor Domingos Té ergueu praticamente sozinho um centro de recuperação. São milhares os toxicodependentes na Guiné, mas lá dentro só cabem 50. Não há medicamentos, não há assistência médica, não há leite e falta comida. Sobra pouco mais do que a vontade deste homem que insiste em não fechar os olhos a uma realidade cada vez mais dramática.
Os que são mais violentos ou que tentam fugir, os familiares pedem que sejam acorrentados. Dramático!
Luís Castro
***Tenho lido todos os vossos comentários, mas não consigo abrir o mail do blogue para responder. A Internet é muito fraca.
A todos responderei dentro de dois dias, quando voltar a Portugal.
Obrigado.
… ou meninos talibãns.
Uns são obrigados pelos mestres corânicos a mendigar nas ruas, outros acabam nas mãos dos traficantes de crianças.
Decidi ir à procura destas redes e levaram-me numa impressionante viagem pelo interior da Guiné.
Nos últimos anos, a ONG “SOS – Crianças Talibés”, conseguiu que 1.200 crianças fossem resgatadas aos traficantes ou interceptadas na fronteira com o Senegal.
Luís Castro
É o regresso a um país onde fui deixando muitos amigos ao longo dos últimos onze anos. Infelizmente, muitos já estão mortos.
Do grupo com quem acompanhei a guerra de 1998/99 e o golpe de estado de 2003, foram quase todos assassinados.
Privei de perto com Ansumane Mané, Veríssimo Seabra e Tagma Na Wai, os três chefes do Estado maior das Forças Armadas abatidos nos últimos anos. Outros como Manuel Mina e Zamora Induta continuam vivos. Com todos mantive contacto e amizade.
São tantas as memórias que estou tentado a escrever um livro sobre a Guiné dos últimos dez anos.
Luís Castro
http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9&tm=7&t=Os-militares-da-Guine-Bissau-reafirmaram-que-se-submetem-ao-poder-politico.rtp&article=206564
*** Só hoje consegui vir ao blogue.
Vou tentar responder a todos comentários aqui deixados nos últimos dias.