Quando vires alguém que corre para o local de onde todos os outros tentam fugir, é jornalista.
Rupert Hamer e Michelle Lang morreram no Afeganistão.
Não sei se algum dia me cruzei com eles nesta ou em outra guerra.


Os dois repórteres estavam “embedded” no centro e sul do Afeganistão.
Rupert estava com os “marines” americanos quando o Hammer em que seguiam passou por cima de uma bomba de fabrico artesanal. Ele teve morte imediata, o fotógrafo ficou ferido. Morreu também um soldados americano.
O jornalista britânco, de 39 anos, trabalhava no “Sunday Mirror” e esta era a sua quinta viagem de trabalho ao Afeganistão.
Deixa 3 filhos menores.
Michelle Lang, com 34 anos, jornalista canadiana ao serviço da “Canwest News Service”, morreu em circunstâncias semelhantes em Kandahar, no sul do Afeganistão.
A bomba estava enterrada na estrada e vitimou mais 4 soldados do Canadá.
Pelo menos 17 jornalistas de todo o mundo foram mortos no Afeganistão desde os atentados de 11 de Setembro de 2001.
Luís Castro
Luís Castro,
a perda de qualquer vida humana é sempre lamentável. Mas neste caso em particular, é a morte de quem ama uma profissão que a faz correr riscos, para que consiga a verdadeira história, a melhor imagem, para que todos os outros possam ter conhecimento dos dramas e atentados às liberdades, sentados no conforto do seu lar.
Além desses números, eu junto estes que me chocaram bastante: «O Instituto Internacional de Segurança da Imprensa contabilizou em 2009 a morte de 132 jornalistas durante o exercício da sua profissão e identificou países como as Filipinas, México, Somália e Rússia como os mais perigosos para estes profissionais.»
Fadel Shana’a era um famoso cameraman da agência de notícias Reuters. Ele encontrava-se na zona Leste da Faixa de Gaza, a investigar denúncias de palestinianos que alegavam ter sido feridos na sequência de um ataque Israelita. No regresso da aldeia, após parar o Jeep para recolher mais imagens, o qual estava perfeitamente identificado com as palavras “Press” e “TV”, Fadel e outros três que o acompanhavam foram mortos por um projéctil disparado de um tanque Israelita.
A Al Jazeera fez um documentário bem interessante sobre a morte daqueles que arriscam a vida para transmitir a notícia “Shooting the Messenger”
PARTE 1 (http://www.youtube.com/watch?v=2gOpp-zcFUA)
PARTE 2 (http://www.youtube.com/watch?v=eHK2-9SEB-w)
PARTE 3 (http://www.youtube.com/watch?v=cNfxlAnGUZg)
PARTE 4 (http://www.youtube.com/watch?v=l770SrFBTFA)
Sobre o amor à profissão, Fadel dizia
«Eu não posso desistir do jornalismo. Só duas coisas me podem parar – se eu morrer, ou perder as pernas»
Abraço
De maiato a 12 de Janeiro de 2010
em Angola nada disso acontece, somos os maiores!
Felizmente em Angola não me recordo de jornalistas mortos deliberadamente.
Que me recorde, pelo menos.
Ab.
LC
Vou dar uma vista de olhos.
Obg.
LC
Este post está em destaque na Homepage do SAPO.
De Marco Leitão Silva a 12 de Janeiro de 2010
Post muito pertinente, meu amigo. Senti um arrepio na espinha quando li a notícia na BBC este domingo. Rio-me quando dizem que a nossa não é uma das profissões mais perigosas do mundo. Forte abraço.
De Virgínia a 12 de Janeiro de 2010
Bom dia Luis
Sentados confortávelmente no nosso sofá vemos, na TV, as imagens de guerra em directo; lamentamos quando vemos os soldados mortos e, muitas vezes, esquecemos aqueles que arriscam a vida para tornar possível essas imagens/reportagens.
Um beijo especial para o meu jornalista de eleição.
Obrigado.
É muito perigoso olhar o mundo da nossa secretária.
É preciso ir lá.
Bjs.
LC
De anail a 12 de Janeiro de 2010
Fico louca com notícias como estas!
Admiro as pessoas que dão a vida por uma causa.
Dar a vida pela verdade.
Ou uma parte dessa verdade, pelo menos.
LC
Tenho pouco conhecimento sobre política e sobre cultura geral. No fundo é por achar que, para mim, basta a minha vida; já me dá tanto que entender. Será por egoísmo ou por ignorância ou pelos dois?! Quando vejo notícias deste tipo pergunto-me, "Porque é que insistem em ir para lá?"
De gena a 12 de Janeiro de 2010
Não é só por amor a camisola.Ganham bem e segundo gostam do que fazem. Mas seja por dinheiro, ou adernalina,para mim são admiráveis.
Sem eles nunca teriamos uma visão deste mundinho. Ficávamos pelas novelas filminhos de guerra e pouco mais. Um abraço a todos e felicidades
Gena,
ganho o mesmo se estiver em Bagdad ou em Badajoz.
Não recebo nem mais um euro por estar num cenário de guerra.
Só levo ajudas de custo para pagar as refeições, nada mais.
Mas tem razão na segunda parte do seu comentário.
Bjs
LC
@mariadogato, existe alguma coisa que a faça levantar da cama todos os dias? Não tem nenhuma paixão que a faça viver com mais intensidade? Entre outros exemplos, porque arriscam os Bombeiros a sua vida?
@mariadogato, esqueci-me de outro exemplo. A Anna Politkovskaya morreu pela sua maior paixão, o jornalismo. Mesmo depois de muitas ameaças e de algumas tentativas falhadas contra a sua vida, e mesmo com marido e filho, ela seguiu sempre a sua paixão. Morreu no elevador do seu prédio, vítima de disparos feitos por cobardes. É doloroso, mas a paixão que ela tinha não se insiste em seguir, é preciso vivê-la
Mariadogato,
e se não fosse ninguém?
Bjs
LC
De maria moura a 13 de Janeiro de 2010
Esta questão devia ter ficado esquecida nos resgistos do seu silêncio, seja como fôr cada um está no seu processo. E se nada, para si é tudo, está no seu direito. Mas experimente questionar-se, antes de questionar...
Há quem não viva, apenas sobreviva, o que é um desperdício...
Ab
mmoura
De maria moura a 13 de Janeiro de 2010
Esta minha observação é a resposta à questão da mariadogato "porque é que insistem em ir para lá"
mmoura
A minha religião é a natureza
O meu desporto é a agricultura
A minha política é o respeito.
Tenho objectivos e paixões, claro que tenho!
Cada um de nós sabe quais os verdadeiros motivos que nos movem nesta caminhada para a morte já programada pela própria natureza; eu sei dos meus e vós sabeis dos vossos.
De maria moura a 13 de Janeiro de 2010
Ora... se vive a pensar na partida que lhe pregaram, deixando-a nascer, para mais tarde morrer, esse seu espirito provavelmente vive em coma apático...
O importante é que seja feliz!.
Ab
mmmoura
Admiro pessoas como estas!
"Lutam" para trazer as notícias até casa das pessoas, mesmo sabendo que arriscam a vida.
É lixado quando terminam desta forma a passagem por estes locais.
Este Mundo é uma vergonha.
Abraço
Quando vamos para estes cenários,
temos de estar preparados para tudo.
Ab.
LC
De maria moura a 13 de Janeiro de 2010
Repórteres de Guerra infiltrados nestes cenários de horror, vestidos por uma coragem desumana, fazem chegar até nós imagens inimagináveis de degradação e destruição (animalesca).
Com estes Homens e Mulheres que se transpõem para uma outra dimensão humana, para cumprirem o seu duro mas gratificante trabalho lidando directamente com a vida/morte, o mundo tornou-se mais perto de si próprio e a realidade mais real.
É com toda a certeza uma profissão desgastante, mas também fascinante. Um obrigada a todos os que me dão a conhecer o longínquamente desconhecido.
Um abraço
mmoura
É, sem dúvida, fascinante.
LC
De
Felipa a 13 de Janeiro de 2010
No dia 16 de Dezembro de 2009 dois irmãos, de 30 e 32 anos, perderam a vida no mar. Não por questões nobres nem para salvar alguém, apenas para ganhar o seu sustento, para pescarem o peixe que vai à mesa do pobre e do rico.
Para mim, que sou neta, filha, sobrinha, afilhada e amiga de pescadores, estas foram as mortes que mais me chocaram nos últimos tempos. Conhecia os dois rapazes desde que nasceram, fui vizinha deles durante muitos anos. Eram bons rapazes, trabalhadores, honestos, simpáticos, educados, amigos de toda a gente.
Um deles, o Gilberto, era uma figura conhecida em toda a freguesia, pela simpatia e jeito um pouco infantil, apesar da idade (32). O Amâncio era mais reservado, mas quem convivia com ele sabia e conhecia bem as suas (muitas) qualidades.
A vida é uma grande injustiça, a morte é uma tremenda crueldade. Resta, para pessoas que pensam como eu, o alheamento da realidade e um levar a vida sem pensar a sério nas suas desgraças, porque elas, quando têm de vir, nunca se atrasam nem perdem a hora. E de desgraças, infelizmente, está a minha vida cheia, embora com o meu feitio positivo eu as tenha transformado em experiências de vida...
Sinto muito pela morte dos dois jornalistas, sei que, para o Luís , estas mortes significam o mesmo que as destes dois irmãos para mim.
Um abraço
De maria moura a 14 de Janeiro de 2010
Felipa
Ambos (reporteres de guerra/pescadores) movimentam-se em tempestades diferentes (pólvora/água) para obterem o seu ganha-pão. Da minha parte merecem o mesmo respeito e consideração. A acrescentar ainda que o pescador permite-nos ter o alimento na mesa.
bj
mmoura
Felipa,
para mim, a vida tem mais valor do que tudo o resto.
Seja de um jornalista, seja de um pobre coitado que ande perdido na rua e de quem ninguém saiba o nome.
Bj
LC
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