Todos os dias nós decidimos o que deve ou não deve ser notícia.
Mas como tornar esse processo mais transparente?
Há não muito tempo, discuti o assunto com um dos decanos da nossa profissão. Coloquei-lhe a hipótese de mostrar aos nossos "públicos" os critérios que nos levam a escolher determinados assuntos em detrimento de outros. Respondeu-me que nem os jornalistas nem os "públicos " estariam preparados para esse passo.
Hoje soube que o New York Times começou a disponibilizar no seu site uma gravação com as reuniões de alinhamento do jornal.
Miguel Sousa Tavares escreveu recentemente no Expresso que "A maior e mais real ameaça à liberdade de imprensa é o tipo de jornalismo que hoje se faz e que é ditado, primeiro do que tudo, pela necessidade de vender informação e conquistar audiências a qualquer preço". Não posso estar mais de acordo.
Guardo as palavras de Rupert Murdock, o magnata dos media, que um dia se questionou:
"Como devemos tratar quem está do outro lado do ecrã, como cidadãos ou como telespectadores? Como cidadãos, dando-lhes as ferramentas necessárias para interpretarem o país e o mundo; ou como telespectadores, fornecendo-lhes conteúdos capazes de gerar audiências?
Responde eu:
venceu o segundo.
Os espaços de informação têm cada vez mais histórias e cada vez menos notícias.
Luís Castro