A RTP foi considerada o melhor canal generalista de 2007.
A distinção foi atribuída pela “Meios&Publicidade”
Já recebi várias sugestões no e-mail do blogue.
Umas concretas, outras sugerindo abordagens mais direccionadas para determinadas áreas da sociedade, mas todas elas comprovando como foi importante abrir esta janela e ver-vos desse lado.
No passado fim-de-semana foi para o "ar" a segunda reportagem fruto deste blogue. Recordo que a primeira foi o Museu de Bagdade, quando ainda me encontrava no Iraque.
Deixo-vos o link das duas “peças” que foram emitidas no Telejornal do passado Domingo (25 de Maio) sobre o site do Eduardo e do Daniel.
http://ww1.rtp.pt/multimedia/index.php?tvprog=1103
(Está às 20h07)
Continuem!
Obrigado a todos os que já contribuíram e aos que levaram a ideia também para os seus blogues.
E, já agora, podem ver também esta reportagem que passou no mesmo dia:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=347777&tema=29
É mais uma forma de poupar combustível…
Luís Castro
Coordenador do Telejornal da RTP
Por vezes dou comigo o “alinhar” o Telejornal e a ver como conseguirei interromper a sequência de notícias do governo.
A verdade é que a agenda mediática está tomada pelo poder político.
A sociedade civil raramente gera notícias. E se o faz, não sabe comunicar ou destaca-se pela negativa. Pergunto: onde estão os agentes sociais, culturais e económicos? Dos desportivos… nem vale a pena falar.
Todos os dias procuramos novos assuntos e ideias para reportagens. Mas não chega.
Como já repararam, há uma nova caixa na coluna do lado direito do cheiroapolvora. Participem e contribuam para um Telejornal que vá mais longe e que seja mais interventivo.
Obrigado a todos.
Luís Castro
Coordenador do Telejornal da RTP
Os consumidores pagam a factura nos combustíveis, mas não sabem o que estão a pagar. E quando procuramos respostas junto dos especialistas, eles são unânimes: é difícil justificar o valor actual do barril de petróleo nos mercados internacionais. Na verdade, uma parte significativa deve-se à especulação. O Telejornal da RTP, numa excelente reportagem da Isabel Loução Santos, explicou há quinze dias como tudo acontece. Passo a explicar:
Embora já tenha ultrapassado os 130 dólares, tomemos o preço do barril de petróleo a 120 usd. Assim, 30 usd são o custo à saída do poço (preço de produção); 20 usd ficam nos cofres dos países que detêm o recurso natural pelos direitos de exploração e 10 usd pagam as despesas de transporte. E aqui chegamos a metade do valor do barril no mercado. Os outros 60 usd são justificados pelos efeitos dos riscos políticos desses países, pela desvalorização do dólar e, acima de tudo, pela especulação.
Pouca gente sabe que nos últimos anos os fundos especulativos apostaram forte no mercado da energia, crescendo trinta vezes em apenas cinco anos (3 mil milhões de dólares em 2000 para 90 mil milhões investidos em 2005).
Curioso é que um petroleiro que saia do Golfo Pérsico, antes de chegar ao destino num qualquer porto da Europa, chega a valorizar a carga que transporta em mais de 10 usd por barril. A viagem acaba por ser ainda mais lucrativa, tendo um valor à saída e outro à chegada.
Em Portugal a referência é o Brent. Trata-se de petróleo leve que vem do Mar do Norte. Tem este nome porque a Shell originalmente baptizava os campos de produção com o nome de aves, neste caso o ganso de Brent. O crude sai da plataforma a 15 usd por barril e chega ao mercado de Londres com uma cotação oito vezes superior.
Sabem que há quem acredite que Jesus Cristo nasceu em Bagdade e não em Belém?
E sabem o que eles pensaram da presença da nossa GNR no Iraque?
A mesquita xiita tem dez vezes mais indivíduos armados do que a dos Sunitas. Bassim segreda-me que este local deve ser algo mais do que uma simples local de culto, a avaliar pela quantidade e pela diversidade de armas. Enquanto esperamos pelo líder xiita, um dos seus assistentes conta-me a história deste sítio: diz que Jesus Cristo terá nascido aqui, em Bagdade, e não em Belém, na Palestina, e para confirmar a teoria, mostram-nos a «prova»: uma pedra branca com menos de um metro de comprimento e cerca de trinta centímetros de largura sobre a qual – garante – Maria terá dado à luz.
Fico a perceber que os muçulmanos respeitam – e muito – Jesus Cristo e que o consideram um dos maiores profetas de sempre. O jovem xiita garante que há muita gente que vem a este local visitar ou venerar a pedra. Mas a abertura e a tolerância na mesquita de Brathá fica-se por aqui, pois, iniciada a oração, somos avisados de que não poderemos entrar no templo. “Não são muçulmanos!”
Acabada a cerimónia, o ayatollah vem ter connosco e faz um ar de espanto quando lhe digo de onde somos. “Estive há menos de dois meses em Lisboa a convite do primeiro-ministro português.” Começa por deixar bem claro que a democracia é a solução para todo o Médio Oriente, mas que os americanos cometeram um grande erro: Não tinham um plano sólido para depois da guerra. “Foi um disparate destruir tudo para recomeçar do zero”. Pergunto-lhe se sabe que há tropas portuguesas no Iraque. “Sei. Estão em Nassíria, a minha terra natal. Sabe, quando estive em Portugal, disse-o ao vosso primeiro-ministro e ao ministro dos Negócios Estrangeiros: Portugal deve ajudar apoiando hospitais, centros de saúde e escolas. Assim, os iraquianos ficarão a saber que fizeram milhares de quilómetros para nos ajudar. Que vieram para reconstruir e não numa missão militar. Estão a gastar dinheiro para nada.”
* Retirado do livro “Repórter de Guerra”
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http://www.youtube.com/v/JYfgPbMM85w&hl=en"></param><param
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http://www.youtube.com/v/znsaGGmZDj0&hl=en"></param><param
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*mail recebido ontem
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Dear brother Castro,
I thank you very much for trying to help me and my family, I am watching your blog and read all what the people are saying about me and howmuch they are trying to help me... that is all made by your big help, I cannot find enough words to thank you.
About me, I have agood expeiance in security job, and also I can teach physics. I finished the college of scince. And for my wife she can teach trade and commerce because she passed the college of trad.
(...)
I tryed to get the refugee status from Syria but I couldnot because in Syria, all the staff ofthe UN there are syrians and it depend on them to tell your story.
I heard from many Iraqis there that you have to pay them well if you wanna get the refugee status, and as you know, there are more than tow millions iraqis there. So the chance was very week.
Few days ago a profssor killed with his son in my street about 500 meters from me by the terrorists, the thinks that the shiite militias are responseble for that. The man was the daputy of the chief of Nahrin Univercity in Baghdad. He was a scintist in computers and he was a sunni man.
Please say hello to all people in your blog and to your family,
I will wait for your answer.
Amigos,
foram muitos os comentários ao último post.
É fantástico saber o movimento que se gerou à volta do meu e vosso amigo iraquiano.
Sem desprimor para com as restantes, aproveitei a ideia de se gravar um vídeo com o pedido do Bassim e colocá-lo no “YouTube”.
Assim, liguei para Bagdade e lancei-lhe o desafio. Aceitou de imediato e ficou de me fazer chegar esse apelo para o meu mail.
Mais: pedi-lhe outras informações para partilhar com todos vós:
1 - A razão pela qual lhe foi negado o anterior pedido para a obtenção do tão
desejado “estatuto de refugiado”.
2 – Se gostaria de tentar os países do Norte da Europa onde tem família.
(Suécia e Holanda).
Disse-me que seria o ideal, até porque esses familiares já lá estão há bastante
tempo, conseguiram bons empregos e vivem razoavelmente bem.
3 – Áreas onde poderá tentar emprego e quais as habilitações que possui.
O que falta saber, o Bassim ficou de me enviar também por mail.
Outros caminhos estão a ser seguidos por alguns de vós, tal como a mensagem enviada ao padre Vítor Melícias.
Levem este apelo do nosso amigo para os vossos blogues e espalhem-no pelos vossos contactos. A Internet multiplicará os nossos esforços.
Mais uma vez, em nome do Bassim, muito obrigado a todos!
Luís Castro
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Olá, irmão Castro.
Como sabes, as coisas mais importantes no Iraque são a segurança e a electricidade. As temperaturas já são superiores a 40 graus e temos que ficar doze horas por dia sem água fresca por não ter electricidade. Para além de tudo isto, não podemos sair de casa depois das sete ou oito da noite.
A minha “nova” casa é muito próxima da rua principal, pelo que se torna ainda mais perigoso. Na semana passada, fizeram rebentar uma carga explosiva a apenas vinte metros da minha porta. A resistência visou uma patrulha do exército iraquiano, matando dois dos oficiais que iam a passar.
Sabes,
gostaria de contar ao mundo o crime da Administração Bush. O Presidente americano disse que antes de 2003 o Iraque era muito perigoso. Vivíamos em Paz, mas diziam que Saddam tinha armas de destruição maciça. Como depois não encontraram as tais armas, então acusaram Saddam de ser um ditador, justificando assim a invasão e o derrube do regime.
Bush, Pentágono e CIA cometeram erros, é verdade, mas agora, quem paga por eles?
Destruíram o Iraque e já não o conseguem reconstruir. Um milhão de mortos em cinco anos! Quem será responsabilizado por estes crimes? Eu sei a resposta: ninguém! Esse milhão não é importante para os americanos. E não falta quem esteja ansioso por destruir o que resta do meu país.
Muitos dos líderes árabes do terceiro mundo são ditadores. Imagina que os americanos os depunham a todos… teriam que destruir meio mundo!
A verdade não pode ser escondida: os americanos “cavaram” um grande crime no Iraque e agora não o conseguem tapar.
Querido Castro,
estou destroçado!
Sinto-me muito triste e desgostoso com o que vejo acontecer ao meu povo.
Sou Sunita, mas todos os iraquianos são meus irmãos.
Não posso tolerar o que está a acontecer no meu país.
Estou farto de fugir.
Envia um grande abraço a todos os teus amigos do blogue, em especial aos que têm partilhado a minha dor. E se alguém tiver forma de me ajudar a sair do Iraque e a arranjar um país onde os meus filhos possam crescer em paz, por favor não se esqueçam de mim.
Preciso de todas as ajudas possíveis!!!
Bassim Schuaip
مرسلة بواسطة bassimفي
Meus amigos,
o artigo é de opinião e foi escrito pelo jornalista Leonídio Paulo Ferreira, tendo sido publicado no jornal Diário de Notícias há poucos dias. Porque o acho delicioso e porque o jornalismo também é um exercício de memória, vou transcrevê-lo para o “cheiroapolvora”.
* O Bassim ainda não mandou o mail, pelo que não sei muitos mais detalhes sobre o atentado que aconteceu a apenas vinte metros da sua nova casa, nos arredores de Bagdade. Apenas me disse que foi contra uma patrulha do exército iraquiano e que terão morrido alguns soldados.
Luís Castro
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O título é Guia para as forças americanas em serviço no Iraque - 1943. E este livrinho em inglês, de capa dura cor de areia, tem sido um sucesso de vendas dos dois lados do Atlântico.
"- Vais entrar no Iraque e és tanto um soldado como um indivíduo, porque no nosso lado um homem pode ser um soldado e um indivíduo. É essa a nossa força se formos espertos o suficiente para usá-la. Pode ser a nossa fraqueza se não o formos."
"- O sucesso ou fracasso americano no Iraque pode depender de como os iraquianos (é assim que o povo é chamado) gostem ou não dos soldados americanos. Pode não ser assim tão simples. Mas, reforce-se, pode ser."
"- O homem alto com as vestes flutuantes que irás ver em breve, com patilhas e cabelo comprido, é um combatente de primeira categoria, altamente treinado na guerra de guerrilha. Poucos combatentes em outros países, na realidade, podem excedê-lo nesse tipo de situação. Se for teu amigo, pode ser um fiel e valioso aliado. Se acontecer ser teu inimigo, tem cuidado! Lembras-te do Lawrence da Arábia? Bem, foi com homens como estes que ele fez história na Primeira Guerra Mundial."
"-Não vais para o Iraque para mudar os iraquianos. Exactamente o oposto. Estamos a combater esta guerra para preservar o princípio 'vive e deixa viver'. Talvez soe a meras palavras quando estás
"- É uma boa ideia em qualquer país estrangeiro evitar discussões políticas ou religiosas. Isso é ainda mais verdade no Iraque do que na maioria dos outros países, porque acontece que os próprios muçulmanos estão divididos em duas facções, um pouco como a nossa divisão entre católicos e protestantes - assim não apostes os teus dois tostões quando os iraquianos discutem sobre religião. Existem também diferenças políticas no Iraque que surpreenderam diplomatas e estadistas. Não irás ganhar nada se te imiscuíres nelas."