Foi tirada no dia em que partiu para o Iraque.
“A última coisa que o McMillam disse ao telefone foi que me amava. Nunca o vou esquecer!” Elizabeth falou com o marido pouco antes dele morrer.
Naquele dia, seguia numa coluna militar quando o striker em que se deslocava foi atingido por uma explosão em Samarra, a Norte de Bagdade.
McMillan não resistiu aos ferimentos e morreu no dia em que fazia dezoito meses de casado.
Luís Castro
Ontem chorei. Muito! E como há muito não chorava.
A meio da tarde recebi uma notícia que não esperava: o McMillan tinha morrido numa explosão no Iraque.
Tentei esconder da redacção as lágrimas que me caíam no teclado do computador. Não consegui. Fazer a régie durante o Telejornal tornou-se doloroso. Mais ainda quando os muitos monitores que estavam à minha frente multiplicaram as imagens dos últimos atentados no Iraque.
Para quem não sabe, o McMillan é um amigo que guardarei para sempre. Juntos passámos muitos e intensos momentos durante a batalha por Sadr City, em Março, nos arredores de Bagdade. Este ranger americano era um jovem de vinte e dois anos que foi ao Iraque poupar o dinheiro suficiente para pagar o curso da mulher que deixara na América. Também ele tinha um sonho…
Hi Castro,
This is McMillan's wife. Unfortunately, I have very very sad news. My husband, Bill McMillan was killed in action on July 8 ,2008 from injuries sustained when his stryker struck an improvised explosive device (IED). My husband spoke very fondly of you and enjoyed spending time with you. I am sorry to tell you such sad news. I hope you reply back, I would love to hear about your time with my beloved husband.
Sincerely,
Elizabeth McMillan
http://www.defenselink.mil/releases/release.aspx?releaseid=12053
http://www.25idl.army.mil/Deployment/Remembering/Remembering.htm
http://www.diversityinbusiness.com/Military/Casualties/ix_Mil_Cas.htm
Transcrevo duas passagens que escrevi sobre ele.
Entramos num dos strikers e McMillan, o socorrista, pergunta-nos de imediato: “Se entrarmos em combate, vocês vão lá para fora ou preferem ficar cá dentro?” Respondo-lhe que iremos para onde eles forem; que estamos ali para filmar tudo o que acontecer. Ele sorri e volta a perguntar: “E se ficarem feridos posso dar-vos morfina, ou são alérgicos?” Vejo que estão preparados para tudo.
(...)
Nesta última ida ao Iraque juntei mais uns quantos amigos: Morris, Aldrige, Finnigan e Kolzoi e McMillan. Alguns são ainda muito novos. No fundo não deixam de ser jovens a tentar sobreviver num mundo que lhes é estranho. McMillan, de vinte e dois anos, confidenciou-me no meio de Sadr City que foi ao Iraque ganhar dinheiro para pagar os estudos da mulher e para também ele poder acabar o curso de medicina quando voltar ao Arkansas. Ele e os outros não querem saber de política, apenas que lhes confiaram uma missão e que a querem levar até ao fim. O paramédico, após sentir alguns projécteis passarem-lhe por cima da cabeça, desabafa: “Ainda faltam onze meses, mas quando isto acabar terei poupado trinta e cinco mil dólares.” McMillan ganha mais cinco mil dólares (4 mil euros por mês) por ter vindo para o Iraque. Se não fosse casado receberia pouco mais de metade. Pensei que ganhassem mais.
Para quem quiser saber mais sobre o McMillan e sobre o que passámos juntos, podem ir aos links:
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/5079.html?thread=133591
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/5157.html
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/5402.html?thread=155674
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/5829.html?thread=170949
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/6235.html
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/7670.html
Luís Castro
«A bolanha abre-se, despida, enorme sem abrigo. Os páras conhecem o perigo, mas Guidage espera cercada. Avançam, chega a emboscada. Chovem morteiradas e canhoadas, RPGs cruzam os ares, dantesco fogo de artifício...»
Discurso do general Hugo Borges, comandante de pelotão - na altura um jovem tenente - que esteve na emboscada que custou a vida aos três soldados pára-quedistas junto a Guidage, Norte da Guiné, no dia 23 de Maio de 1973.
Finalmente, trinta e cinco anos depois, três soldados pára-quedistas descansam em paz.
Outros ainda não voltaram.
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=356342&tema=27
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=356336&tema=27
Retirado do livro "Repórter de Guerra"
(antes de ter sido preso e interrogado na Guiné-Bissau, em 1998)
Passamos por algumas barreiras militares, ainda dentro da cidade, e o Hamed indica uma picada que nos levará até um braço de mar. Lá, duas pirogas fazem a ligação entre as margens. O pior é chegar até elas. Com a maré vazia ficam ainda uns trinta metros de lama por onde vamos ter que passar. O nosso amigo muçulmano vai à frente. Descalço, mete o primeiro pé e enterra-se até ao tornozelo. Mais alguns passos e já tem a lama a meio da coxa. Um guineense oferece-se para nos levar as mochilas. A câmara vai ao ombro do Hélder e eu começo a perceber a técnica: quando dou um passo, tenho de levantar o outro pé para fora da lama e voltar a enterrá-lo até encontrar lá no fundo as raízes das pequenas árvores que cobrem a margem. Dói que se farta. Mais um passo, o pé vem de trás, custa a sair, o joelho sobe ao nível do peito, estico a perna ao nível do tronco e enterro-a de novo até sentir que encontrei outra raiz com a planta do pé. O Hélder vem a seguir, falha a raiz, suja os calções e solta uns impropérios. Os condutores das pirogas riem-se com o esgar de dor que fazemos em cada passo que damos. Vinte minutos depois e a piroga está ao alcance do braço, mas já não há força para subir. Somos puxados e passamos a partilhar a embarcação com um casal de refugiados e dois porcos que não param de guinchar. Acabada a travessia, de novo a lama até pisar terra firme e mais uns cem metros descalços para alcançar um pequeno charco. É dificílimo tirar das pernas esta lama cinzenta, viscosa e peganhenta. Mas o calvário ainda agora começou. Segue-se uma longa caminhada pelo mato. Desconfiado, pergunto ao Hamed se não se enganou no caminho. Sempre a rir, abana a cabeça: “Alá sofreu muito mais”.
Está um calor insuportável e esgotamos a água. No trilho, a vegetação é densa e cobre a altura de um homem. Numa das muitas paragens, entretenho-me a imaginar o que terá sido a Guerra Colonial. Como é fácil emboscar, matar e fugir. Na Guiné, travou-se a guerra mais violenta de todas as colónias. Será que os guerrilheiros continuam duros de vergar?
(...)
A RTP distribui, diariamente, as nossas imagens para todo o mundo através da Eurovisão. A primeira imagem de Ansumane Mané – no caso, a fotografia – foi um sucesso. O embaixador manda-me um recado: quer falar comigo para saber o que se passa do outro lado e sobre o que os rebeldes pensam de Portugal. Como exemplo, conto-lhe a conversa que um guerrilheiro quisera ter comigo, nessa manhã:
- O que é que se passa com o vosso governo? Como deixaram o Nino fazer tantas asneiras?
- Portugal nada podia fazer. Vocês são independentes. Este foi o destino que escolheram.
Após alguns segundos em silêncio, pede-me um cigarro e começa a contar a vida dele.
- Sabes, fui guerrilheiro. Lutei e matei muitos portugueses, nem eu sei quantos. Agora sou velho e tenho a certeza que tu e eu somos irmãos. Acredita, queremos que vocês voltem rapidamente para a Guiné.
- É impossível!
A minha resposta saíra com um sorriso à mistura.
- Estás a rir da nossa miséria?
- Não, claro que não! Só te estou a dizer que o país é vosso.
- É! Pois é! Só que não o sabemos governar.
O velho guerrilheiro falara-me com a maior das convicções e o modo
como recordara o passado que ele próprio combatera é a imagem do carinho que os Guineenses continuam a sentir pelo antigo colonizador. O embaixador está na Guiné já há algum tempo e, por isso mesmo, sabe muito bem que pisamos o risco. Pede-me apenas para ter cuidado porque as nossas reportagens estão a ser incómodas. Agradeço a atenção e trocamos números de telefone.
Luís Castro
O número de cheques sem cobertura subiu nos primeiros seis meses do ano.
Aumentou o número de cheques, mas diminuiu o valor.
O não pagamento de dívidas foi mais acentuado a partir de Abril a coincidir com o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis.
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=356203&tema=29
E conhecem a máxima do jornalismo que "notícia é quando um homem morde o cão" e não o contrário?
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=356162&tema=31
Ainda tem capacidade para nos surpreender.
Fantástico!
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=355919&tema=29
Foi detido um dos homens mais procurados do mundo.
Radovan Karadzic, que liderou os sérvios da Bósnia e que ordenou as piores atrocidades praticadas na Europa desde a Segunda Guerra, estava na clandestinidade há doze anos.
O antigo psiquiatra, com longas barbas e cabelos brancos e óculos, trabalhava num consultório médico em Belgrado…
E Bin Laden? Será que está em Miami a fumar uns belos charutos?
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7520306.stm
E tudo deu em nada!
Para quem não sabe, escrevi um livro sobre o impacto mediático do «Caso Maddie».
Relembro algumas passagens do “Por que Adoptámos Maddie”.
(…) Para Alípio Ribeiro, como se já não bastasse a Comunicação Social ter entrado na especulação, os jornalistas decidiram dar mais um salto e passaram para a imaginação: “E porquê? Porque a imaginação concorre com a do vizinho. É o vamos ver quem tem mais imaginação neste caso!” Os investigadores criminais chamam também a atenção dos jornalistas para algo que consideram de extrema importância no relacionamento mútuo: “Embora o «Caso Maddie» seja diferente, porque o tempo mediático se manteve todos estes meses, tal como a investigação criminal - e até talvez mais activo -, a Comunicação Social tem de perceber que o tempo da notícia não é o mesmo tempo da Justiça”, diz Carlos Anjos.
(…)
Alípio Ribeiro é mais optimista. O também magistrado está convencido que o «Caso Maddie» terá um fim, mas não será na imprensa, até porque, diz, “as notícias não nos aproximaram da realidade, mas desviaram-nos dela.” O Director Nacional da Judiciária prevê que daqui a uns anos, “quando se fizer a revisitação dos jornais que se publicaram durante estes meses, perceber-se-á que tudo isto foi muito pobre. Será um fait-diver com pouca importância e com alguns milhares de quilos de inutilidades.” O responsável máximo da PJ pede aos jornalistas que assumam também os seu erros e que não apontem apenas para a Polícia: “O que esteve mal na Comunicação Social é bom que a própria Comunicação Social o assuma por inteiro”. Rui Rangel aponta como única solução corrigir a rota, porque, diz “este caminho vai levar a Comunicação Social ao suicídio.” O magistrado prevê até que surjam “intervenções do poder político para criar mecanismos de regulação que entrem, inclusive, nos conteúdos editoriais. E isso será grave!” Por tudo isto, o juiz desembargador apela à reflexão: “Parem e vejam que estão a fazer coisas que não podem.” O Director Nacional da Polícia Judiciária segue o mesmo raciocínio do seu colega magistrado, mostrando-se ainda mais preocupado com a questão humana dos McCann: “Houve momentos em que a própria Comunicação Social foi excessiva para com os pais, fazendo comentários verdadeiramente desagradáveis, alguns deles tontos, e isso chocou-me. É sobre esses aspectos que os jornalistas devem reflectir. Fizeram-se juízos de valor horríveis sobre os pais, e esses juízos são mais terríveis do que as considerações que os jornais ingleses possam fazer da polícia portuguesa. Isso é que me preocupa.”
(…)
Para os jornalistas, os meios justificaram os fins; para os pais, os fins justificaram os meios. Ou terá sido ao contrário? Ou terão sido as duas coisas? Os jornalistas quiseram contar uma história com final feliz e usaram os pais; os pais desejaram encontrar a filha e usaram os jornalistas. Depois zangaram-se mas continuaram a usar-se. A importância dos fins levou-os a escolher o mesmo meio. Contraditório? Não. É um confronto entre os valores e a necessidade; onde a ética individual nem sempre está de acordo com a colectiva. E quem, no desespero do desaparecimento de um filho, não faria tudo o que estivesse ao seu alcance para o encontrar? Azeredo Lopes considera que o «Caso Maddie» mostra tanto a força dos media como algumas das suas fragilidades e Paquete de Oliveira tem esperança que os jornalistas venham a reconhecer que em muitas situações foram traídos e enganados. D. Januário Torgal Ferreira, sempre pronto a defender os profissionais da comunicação social, garante que se os ouvisse em confissão, não lhes reservava qualquer penitência, mas a alguns mandava-os para casa com um conselho: “Vão e não tornem a pecar!”
Luís Castro
Coordenador do Telejornal e autor do livro "Por que Adoptámos Maddie"
Meus caros,
a última reportagem do Telejornal de hoje deixou a redacção da RTP muito animada...
Bom apetite para todos!
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=355450&tema=31
Luís Castro
Coordenador do Telejornal
Preservativos com defeito estão à venda no mercado...
http://dn.sapo.pt/2008/07/18/sociedade/preservativos_defeito_estao_a_venda_.html