Cheguei a Kandahar, no Sul do Afeganistão.
Nem cinco minutos depois de ter entrado na base, já os Talibãs nos tinham recebido com um ataque de morteiro.
O alerta das sirenes, grito de "Rocket Attack! Rocket Attack!" Primeiro no chão... depois correr para o bunker. E ali ficámos mais de uma hora à espera do "All Clear! All Clear!"
Tem sido assim todas as noite, diz-me o Robert, o sargento americano que nos acompanha.
Nos próximos dias, eu e o repórter de imagem Paulo Oliveira, vamos ficar "embedded" nas patrulhas de combate da "Task Force" de Kandahar.
Ups ! Voltaram as sirenes. Lá terá de ser...
Virei ao blogue nos intervalos das operacões.
Até breve!
Artigo que escrevi para a TV Guia:
O "efeito Gupta"
O correspondente médico da CNN trata a cabeça de uma bebé com 15 dias;
o médico jornalista da ABC faz um parto prematuro;
a enviada médica da CBS ajuda no socorro a uma menina com braço amputado;
a repórter cirurgiã da NBC coloca talas em osso partidos.
Os mais famosos correspondentes televisivos americanos do momento não foram só contar a história do sismo no Haiti. Eles estão a participar activamente e de forma incomum nas histórias, prestando ajuda médica com as câmaras a filmar.
Defendo o jornalista quando ele faz parte da história. Ele não é a história, mas o fio condutor da “sua” história. O repórter no terreno não tem uma visão completa sobre o acontecimento, ele sabe e reporta apenas o que está no seu campo de acção, procurando a melhor forma de contar a história. E será também pelas suas histórias que esse momento ficará gravado na História.
No Haiti fez-se História também para o jornalismo. Todos quiseram ir atrás da CNN e do seu correspondente médico, o neurocirurgião Sanjay Gupta, no que em jornalismo se chama “pack journalism”. Ficou provado o que há muito venho dizendo: um médico pode ser jornalista, mas um jornalista não pode ser médico.
O papel duplo do “jornalista” - repórter e médico -, permitindo-lhe por a “mão na massa”, produziu um estilo dramático de jornalismo participativo. E é aqui que facilmente se passa do sublime ao ridículo. Não me parece que tenha acontecido, mas apenas se abriu a porta deste novo género jornalístico.
Não sou dos que entendem que o jornalista não se deve envolver no acontecimento que relata – é impossível nos casos de grande carga emocional – no entanto, essas narrativas podem deturpar e tornar-se manipuladoras.
Temo, porém, que os médicos jornalistas – e não jornalistas médicos! – enviados pelas televisões americanas para o Haiti, dêem novas e perigosas ideias a alguns decisores editoriais para quem tudo vale em troca de mais audiências.
Luís Castro
Editor executivo de informação da RTP
Comandos portugueses vão regressar ao Afeganistão nos próximos dias.
Será que a opinião pública está preparada para o perigo desta missão?
Luís Castro
Testemunhos de:
Paulo Camacho, António Cancela e Luís Castro
Para a Newsweek:
"A verdade é que a única entidade no planeta com capacidade para ajudar o Haiti à escala necessária é o Exército dos EUA. As Nações Unidas acharão politicamente incorrecto admiti-lo; os grandes grupos de auxílio internacional, orgulhosos do seu estatuto não combatente, tentarão não o reconhecer. Mas esta é a realidade."
Será que os americanos "invadiram" o Haiti?
Será que os haitianos se importam?
Será esta a mais nobre de todas as operações americanas fora dos EUA?
Será esta a mais nobre missão de um soldado?
Luís Castro
... com pernas!
O director do Centro de Estudos do Sono, na Escócia, já aprovou a ideia porque, diz: "O novo serviço de aquecimento de cama do Holiday Inn (Inglaterra) vai ajudar as pessoas a conseguir uma boa noite de sono, especialmente quando demoram muito a aquecer".
Os “Cobertores eléctricos com pernas” estarão vestidos dos pés à cabeça e terão um gorro para dormir.
O “processo de adormecimento” inicia quando a temperatura começa a descer. A baixa da temperatura começa quando os vasos sanguíneos das mãos e dos pés se relaxam e libertam calor. Para o especialista escocês, "uma cama aquecida, aproximadamente entre 20 e 24 graus, é uma boa forma de começar este processo, dado que uma cama fria pode inibir este processo".
Luís Castro
Marcelo Rebelo de Sousa é especialista em “missas”.
E prepara-as bem, ao contrário do que fazem muitos padres.
Ontem, o professor lançou uma “fatwa” aos mais de 300 sacerdotes que tinha à sua frente, em Braga:
“A homilia deve ser curta e incisiva e com 2 ou 3 ideias fortes.
Tudo o que passe dos 7 minutos é estar a falar para as paredes.”
Nem mais, professor!
Eu já só vou à igreja quando ela está vazia e em silêncio.
É um excelente local para reflectir e pensar na vida.
Na verdade,
raramente trouxe novas mensagens de uma homilia.
Cansei-me dos sermões e das lições de moral.
Luís Castro
Estaciona onde não deve?
Não paga a renda?
O governo da província de Guangzhou, uma das cidades mais prósperas da China, vai adoptar medidas mais duras para combater comportamentos anti sociais. Será criada uma “tabela de pontuação de ofensas”.
Cuspir na rua – 3 pontos
Urinar na rua – 3 pontos
Estacionamento proibido – 3 pontos
Secar roupa à janela – 3 pontos
Deitar lixo para o chão – 5 pontos
Lançar lixo da janela de casa – 7 pontos
3 meses de renda por pagar – 20 pontos
Quem chegar aos 20 pontos em dois anos,
fica sem casa se esta tiver sido oferecida pela autarquia.
A fotografia mostra o momento em que um homem é preso por ter cuspido para o chão, na província de Zhejiang.
Fotografias da cidade de Guangzhou, onde será a sede dos Jogos Asiáticos em Novembro
Já na Suiça,
um homem foi multado em quase 74 mil euros.
Circulava a 137 km/h num local onde o limite era de 80km/h.
O valor da multa foi calculado tendo em conta os seus rendimentos.
Luís Castro
Quando vires alguém que corre para o local de onde todos os outros tentam fugir, é jornalista.
Rupert Hamer e Michelle Lang morreram no Afeganistão.
Não sei se algum dia me cruzei com eles nesta ou em outra guerra.
Os dois repórteres estavam “embedded” no centro e sul do Afeganistão.
Rupert estava com os “marines” americanos quando o Hammer em que seguiam passou por cima de uma bomba de fabrico artesanal. Ele teve morte imediata, o fotógrafo ficou ferido. Morreu também um soldados americano.
O jornalista britânco, de 39 anos, trabalhava no “Sunday Mirror” e esta era a sua quinta viagem de trabalho ao Afeganistão.
Deixa 3 filhos menores.
Michelle Lang, com 34 anos, jornalista canadiana ao serviço da “Canwest News Service”,
A bomba estava enterrada na estrada e vitimou mais 4 soldados do Canadá.
Pelo menos 17 jornalistas de todo o mundo foram mortos no Afeganistão desde os atentados de 11 de Setembro de 2001.
Luís Castro
Hoje, pelo que soube junto de fontes muito bem informadas, o grupo da FLEC-FAC que atacou a selecção do Togo é liderado por alguém jovem que pretendia chamar a atenção da comunidade internacional. O objectivo foi conseguido, mas as consequências serão desastrosas.
O triste acontecimento da fronteira com o Congo (onde estive há menos de meio ano), trouxe-me à memória uma longa conversa que mantive na floresta do Maiombe com os guerrilheiros da FLEC, no ano de 2001, quando se dedicavam a raptar portugueses que trabalhavam no enclave e que relato no meu livro “Repórter de Guerra”.
No final da entrevista, já de microfone desligado, alerto-os para as consequências dos raptos na opinião pública de um povo de quem eles se dizem amigos. Mais: nenhum governo poderá ceder à chantagem de um grupo armado que rapta cidadãos do seu país. «Os que fazem isso, agora chamam-se «terroristas» e já não há tolerância para eles.» Concordam com o que lhes digo, mas não garantem que não o voltem a fazer.
- Só voltam a lembrar-se de nós quando raptamos mais alguém!
Ontem foram mais longe. Numa acção espectacular, feriram de morte o grande acontecimento desportivo africano, a Taça das Nações. O ataque ao autocarro que transportava a selecção do Togo deu-lhes o que queriam: ser falados em todo o mundo, mas esgotaram os já poucos apoios que mantinham fora do enclave de Cabinda.
Depois de ter andado com as duas FLEC (a FLEC-FAC e a FLEC-Renovada) na densa floresta do Maiombe, quando voltei a Portugal mantive contactos com os guerrilheiros por algum tempo, mas acabei por me afastar. Não tanto pelos homens que lutavam na mata, mas pelos políticos de Cabinda que teimavam em não perceber que estavam a levar os guerrilheiros para uma solução sem saída.
A luta pela independência é irrealista. Disse-lhes isso mesmo quando estive com eles. Rejeitaram por absoluto a hipótese de lutarem politicamente por uma autonomia. Ontem traçaram o seu destino. Acredito que as Forças Armadas Angolanas não vão descansar enquanto não eliminarem de vez a FLEC.
Saber mais sobre a FLEC e sobre as reportagens que fiz com eles:
http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/tag/rep%C3%B3rter+de+guerra+-+cabinda
Luís Castro