Irmão Castro,
Li a história trágica do teu amigo McMillan e a mensagem da mulher, Elizabeth.
McMillan chegou ao Iraque com um sonho e para cumprir o seu dever. Os que o mataram também estão convencidos de que cumprem o seu dever: defender o país.
Infelizmente o Iraque está repleto de tragédias.
Há três semanas, tropas americanas mataram um iraquiano à porta de sua casa e à frente da mulher e dos seus três filhos com dois, quatro e seis anos de idade. Tudo porque cometeu o “crime” de subir ao telhado para arranjar o ar condicionado que avariara. Os americanos pensaram que estava emboscado para os atacar e abateram-no a tiro. Morreu sem saber a razão. Foi a apenas cem metros da minha casa.
Lamento profundamente todas as mortes no meu país, sejam iraquianos ou americanos. Todos têm famílias e, no caso dos soldados dos EUA, há mães, mulheres e filhos à espera que eles voltem vivos.
Por favor, envia as minhas condolências à mulher do McMillan e diz-lhe que estou triste por ela e pelo fim trágico dos sonhos de ambos. Rezo todos os dias para que o mundo seja muito melhor do que isto.
Como sabes, Castro, quase todos os iraquianos têm armas em suas casas para se defenderem a eles próprios e às suas famílias. Eu não tenho! És testemunha de que há cinco anos jurei nunca mais tocar em armas.
A resistência pede-nos que odiemos os americanos, mas eu não consigo odiar ninguém. Sei que também eu um dia serei morto por milícias, por terroristas ou por engano pelos soldados americanos. Mesmo assim, serei capaz de lhes perdoar.
مرسلة بواسطة bassimفي
Bagdade, 5 de Agosto 2008
**** Para quem tem curiosidade em saber quem é o Bassim, basta ir à categoria "amigo
iraquiano", do lado direito no blogue.
**** Mais logo darei resposta a todos os comentários aqui deixados desde ontem.
Obrigado.
Luís Castro