Alguém consegue descobrir onde está o sinal de trânsito que me impedia de virar à esquerda?
Pois, nem eu!
Quando voltei atrás para procurar o tal sinal, descobri que não existia.
Reclamei com o agente da polícia de trânsito, mas nada feito. “Não tem sinal… mas já teve!”, respondeu-me, para logo a seguir acrescentar que “ao fim de um certo tempo a conduzir, o senhor já deve saber onde estão os sinais.” Como se não bastasse, e perante as insistentes chamadas de atenção de um outro polícia que lhe lembrava ser eu um cidadão estrangeiro apenas há três dias em Angola e lhe dizia não haver motvo para me multar, o mesmo agente procurou outro argumento: “É um triângulo e, como tal, não podia voltar ali”. Para que percebam, o triângulo a que ele se referia tem lá dentro um jardim, um coreto e uma bomba de gasolina.
Para quem não sabe, sou do signo escorpião e, como tal, muito teimoso. Mais ainda quando sei que a razão me assiste. Assim, dirigi-me à esquadra e munido das fotografias que comprovavam a minha versão. Quando consegui falar com o comandante, bastou menos de um minuto para que o Intendente mandasse anular a multa e para que a minha carta de condução me fosse devolvida.
O episódio desta tarde – que me gastou três preciosas horas de trabalho – mostrou-me a velha e a nova polícia. Agora, a todos os candidatos a polícia, é-lhes exigida pelo menos a 11ª classe. Se durante a guerra, a Polícia era uma força de apoio ao Exército, agora são eles os principais responsáveis pela segurança no país. Já são poucos os soldados que se vêem fora dos quartéis. E garanto-vos: sinto-me mais seguro nas ruas de Luanda do que nas ruas de Lisboa.
Luís Castro