Sexta-feira, 19 de Dezembro de 2008

Como é possível?

Não entendo esta Justiça!

A Justiça que em seis anos não foi capaz de decidir, decide agora que a criança é consciente do seu drama

 

Esta menina, quando tiver 18 anos, devia meter o Estado em tribunal!

E quando falo do Estado, falo de todos os que insistem em decidir-lhe um futuro que ela não quer.

Por toda a razão que possa assistir ao pai biológico, primeiro está o superior interesse da criança.

Hoje, a menina de Torres Novas, recusou-se a sair do carro...

 

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=378772&tema=27

 

Luís Castro

publicado por Luís Castro às 20:32
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68 comentários:
De António Manuel Dias a 19 de Dezembro de 2008
Custa-me ver que a comunicação social em Portugal continua a tratar os assuntos pela rama (isto acreditando que não há qualquer interesse escondido ou pressão por trás das opiniões veiculadas, o que por vezes se torna difícil). Neste caso, isso é mais que evidente:

1. A criança foi entregue pela mãe, ainda não sabemos em que condições nem por que razão, a este casal, pouco tempo após o seu nascimento. O casal, em vez de se dirigir aos serviços competentes para tratar do caso, a Segurança Social, preferiu nada dizer e tratar a criança como sua filha.

2. O pai da criança luta pela posse do poder paternal desde que teve conhecimento da sua existência, ainda ela não tinha feito um ano. Mesmo vendo a dificuldade do estado em fazer cumprir as decisões judiciais, nunca optou pelo que teria sido o caminho mais fácil, desistir ou resolver o problema por suas próprias mãos.

3. O casal com a guarda ilegal da criança, depois de omitir a sua existência à Segurança Social, optou por desrespeitar as várias decisões judiciais, efectivamente raptando a criança, sujeitando-a a uma vida de foragida, com várias mudanças de local de habitação, sem a possibilidade de se relacionar com outras crianças da sua idade ou ter uma vida normal. E manteve isto durante praticamente toda a vida da criança!

4. Durante toda a sua vida, esta criança foi intoxicada contra o seu pai pelas pessoas que detêm a sua guarda, apesar de saberem que, eventualmente, lhe teriam de entregar a criança. Não surpreendem, por isso, todas as cenas de rejeição nos contactos com a família que um dia será a sua (mas também há relatos de que isso não é sempre assim (http://esmeralda-sim.blogspot.com/), apenas não aparecem na comunicação social).

E o que vemos na comunicação social sobre tudo isto? Programas completamente parciais de apoio a este casal, campanhas de pressão perante a justiça e branqueamento de todo o seu comportamento de confronto à justiça. A reportagem de hoje no tribunal é um perfeito exemplo disso mesmo. Assim, não compreendo frases como estas:

"A Justiça que em seis anos não foi capaz de decidir, decide agora que a criança é consciente do seu drama"

Não foi capaz? Foi! O que se passa é que as suas decisões nunca foram cumpridas.

"Esta menina, quando tiver 18 anos, devia meter o Estado em tribunal!"

Concordo. E devia aproveitar para processar todos os que pactuaram com o incumprimento da lei e das decisões dos tribunais.

"Por toda a razão que possa assistir ao pai biológico, primeiro está o superior interesse da criança."

Quanto a isto, lembro-me de há já mais de um ano ter escrito o que se segue numa lista de correio que frequento:

O que muita gente não percebe -- mesmo esposas de antigos presidentes e até pessoas de lei, como juízes, promotores públicos e advogados -- é que a lei existe também para a protecção do superior interesse das crianças. De todas as crianças e não apenas de uma ou outra cujo caso chegou à comunicação social.

Por absurdo, a jurisprudência de casos tipo Esmeralda, tal como essas pessoas gostavam que fosse decidido, implicaria que bastaria a alguém roubar uma criança aos seus pais à nascença (ou pagar por ela) para quatro ou cinco anos depois se apresentar à justiça dizendo que, no superior interesse da criança roubada, ela deveria ficar com eles.


(aqui: http://maracuja.homeip.net/blog/comentarios?art=424)

Finalmente, chamar pais adoptivos a este casal é uma afronta a todos os que, como eu, adoptaram uma criança legalmente neste país.
De Maria Araújo a 20 de Dezembro de 2008
Muito bem relatado.
Conheço alguém que esteve 3 anos á espera da adopção. Conseguiu. É um casal feliz, a criança também.
Luís, será que a comunicação social mostra só aquilo que lhe interessa? (não estou a referir-me a si, mas a toda a comunicação em geral).
Bom fim de semana.
De Luís Castro a 21 de Dezembro de 2008
Sou dos poucos que defende que a criança deveria ter sido entregue ao pai biológico, mas agora há que ter em conta a sua vontade.
E quanto à Procuradora tirar a criança à força do carro, nem vou comentar.
Bjs
LC
De Maria Araújo a 21 de Dezembro de 2008
Pois, detesto isso, a força.
Faz-me lembrar algo do passado(...) . A criança ficou com a mãe, no fim de semana que seria do pai.
Hoje é um adulto, que se dá bem com toda a família.
Beijinho
De Luís Castro a 22 de Dezembro de 2008
Bjs e as festas.
LC
De EU a 20 de Dezembro de 2008
O senhor desculpe, mas a diferença entre "adoptado legalmente" e "criado como filho" está num miserável papel!
O amor não se quantifica nem é comprado.... ama-se uma criança porque...se ama.
E o casal Gomes deu todo o amor a esta menina que lhe foi confiada pela mãe. Foi uma escolha maravilhosa!
Porque é que o "pai biológico" não a aceitou quando a mãe lhe foi pedir ajuda? Só valeu o papel do ADN? Isso é que lhe deu amor e instintos paternais?
O "pai biológico" deveria ter vergonha; está a viver à custa da filha... isso não é exploração infantil?. Que propósito é o dele? Ter a filha "a render"?
Espero que quando ela tiver 18 anos, meta o Estado em tribunal e exija ao pai o dinheiro que ele "ganhou" à custa dela.
De António Manuel Dias a 21 de Dezembro de 2008
Tens razão, a diferença entre adoptar legalmente ou não é um mísero papel. Só que esse papel é também a diferença entre adopção e tráfico de crianças.

Qualquer cidadão de bem, quando uma mulher lhe viesse oferecer uma criança (e vamos supor, para bem da conversa, que foi apenas isso que aconteceu), contactaria de imediato as autoridades competentes, neste caso a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, ou mesmo a polícia, se não estivesse bem ciente do que fazer. Este casal optou por não fazer isso, de início. Depois, quando confrontado com a vontade do pai em ficar com a guarda da rapariga, optou por fugir à justiça, obrigando-a a uma vida de fugitiva. Acho que estamos conversados quanto à sua ética e moral e ao que entendem por zelo pelos melhores interesses desta criança -- é bom lembrar que, por esta altura, ela não tinha ainda um ano de idade.

Quanto à afirmação de que o pai está a viver à custa da filha, sinceramente não percebi o que queres dizer.

Eu sou da opinião que a adopção deve passar por todo um processo, quer na parte das crianças quer pelos candidatos à adopção. Pode ser burocrático e, eu sei-o bem demais, tem muito que melhorar, no nosso país, mas é o único obstáculo à frente do negócio da adopção. Pelos vistos, tu preferes o ajuste directo entre as partes interessadas. São pontos de vista...
De EU a 21 de Dezembro de 2008
O pai está a viver às custas da filha.... não entende? O biológico recebeu 30.000 Euros, a dividir por seis anos dá 5.000 Euros por ano. É um bom rendimento não é? E ainda falta o resto...
Espero que a Esmeralda, quando fizer 18 anos, peça contas ao biológico, que não a acolheu enquanto pequenina e indefesa e, agora, até vai à 'estranja´para reaver o que deitou fora.
Tenha um Santo Natal e parabéns por ser PAI.
De Luís Castro a 21 de Dezembro de 2008
Visto.
LC
De Luís Castro a 21 de Dezembro de 2008
Visto.
LC
De Luís Castro a 21 de Dezembro de 2008
António,
remeto a resposta ao seu comentário para um deixado ao Carlos Alberto.
Obrigado.
LC
De Antonio a 22 de Dezembro de 2008
Faço minhas as suas palavras.
De Luís Castro a 22 de Dezembro de 2008
Visto.
LC

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Perfil

Jornalista desde 1988
- 8 anos em Rádio:
Rádio Lajes (Açores)
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RDP/Antena 1

- Colaborações em Rádio:
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- Colaborações Imprensa:
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RTP:
Editor de Política, Economia e Internacional na RTP-Porto (2001/2002)
Coordenador do "Bom-Dia Portugal" (2002/2004)
Coordenador do "Telejornal" (2004/2008)
Editor Executivo de Informação (2008/2010)

Enviado especial:
20 guerras/situações de conflito

Outras:
Formador em cursos relacionados com jornalismo de guerra e com forças especiais
Protagonista do documentário "Em nome de Allah", da televisão Iraniana
ONG "Missão Infinita" - Presidente

Obras publicadas:
"Repórter de Guerra" - autor
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