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“Nós estamos bem, mas a situação continua muito perigosa por aqui!” A mensagem chegou-me ontem por mail. É do sargento Morris. O segundo pelotão dos rangers continua
Regressei à coordenação do Telejornal. Estou aqui, mas na verdade não estou. Ainda vagueio pelo Iraque. Custa-me a desligar. Só me apetece voltar. Estou viciado naquela gente; sinto-lhes a dor; partilho a angústia e a frustração de xiitas, sunitas, curdos e cristãos. Sou assim. E sou como os árabes: gosto de tocar. É por isso que tenho que estar perto, onde cheira a pólvora. É lá, onde está a morte, que mais vivo me sinto.
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Nesta última ida ao Iraque juntei mais uns quantos amigos: Morris, Aldrige, Finnigan e Kolzoi e McMillan. Alguns são ainda muito novos. No fundo não deixam de ser jovens a tentar sobreviver num mundo que lhes é estranho. McMillan, de vinte e dois anos, confidenciou-me no meio de Sadr City que foi ao Iraque ganhar dinheiro para pagar os estudos da mulher e para também ele poder acabar o curso de medicina quando voltar ao Arkansas. Ele e os outros não querem saber de política, apenas que lhes confiaram uma missão e que a querem levar até ao fim. O paramédico, após sentir alguns projécteis passarem-lhe por cima da cabeça, desabafa: “Ainda faltam onze meses, mas quando isto acabar terei poupado trinta e cinco mil dólares.” McMillan ganha mais cinco mil dólares (4 mil euros por mês) por ter vindo para o Iraque. Se não fosse casado receberia pouco mais de metade. Pensei que ganhassem mais.
O Paulo José Oliveira, repórter de imagem da delegação da RTP de Coimbra, acompanhou-me nesta sexta ida ao Iraque. Fiquei teu fã, amigo! Prepara-te que um destes dias faremos as malas para o Afeganistão.