Faz hoje uma semana.
Milhares de pessoas – mais por curiosidade – haviam saído às ruas de Bissau.
Nessa altura seguia ao lado da urna, quando dei por mim a reviver tudo o que ele me fizera passar onze anos antes.
No final, perdoei-lhe. Mas não esqueci!

Nunca falei pessoalmente com o presidente assassinado, mas as nossas vidas cruzaram-se em 1998, durante a guerra civil da Guiné-Bissau. Nessa altura tive de fugir do país após uma comunicação interceptada pela fragata portuguesa onde era dada ordem para me matar a mim e ao meu repórter de imagem. Dias antes já passara por três interrogatórios, um dos quais de arma apontada à cabeça.

Momento em que Nino Vieira se refugiou na embaixada portuguesa (1999)
Durante o funeral de Nino Vieira não vi uma lágrima dos filhos (terá 25 filhos) e gritos apenas os das “carpideiras”. Como alguém disse, que país era aquele que Nino Vieira pretendia construir onde o próprio não queria que os filhos vivessem?
Nenhum vivia na Guiné.
Luís Castro
Guiné-Bissau
*** Hoje começarei a responder aos vossos comentários.
De
patti a 17 de Março de 2009
Mas ainda bem para si, esse perdão. Menos mágoa para guardar, Luís.
Acertou em cheio!
Não carrego mágoas.
Não tenho tempo nem espaço.
Bj
LC
De Virgínia a 17 de Março de 2009
Bom dia Luís
"No final perdoei-lhe. Mas não esqueci!"; é sempre assim Luís; na morte nós perdoamos, mas nunca esquecemos o sofrimento que nos causaram.
Que pessoa era Nino Vieira para não querer que os filhos vivessem num País em que ele era "rei e senhor"?
Nino Vieira tinha consciência do mal que estava a fazer ao seu povo. Morreu violentamente. Não podia, nem era justo, ter outro fim!
Luís, desejo-lhe uma boa viagem de regresso.
Um beijo
De José Fernandes a 17 de Março de 2009
Bom dia Luís,
O perdão é um acto que demonstra grande inteligência. Foi o que fizeste melhor.
Imagino que já estejas por cá. Bom regresso.
Abraço
JF
De José Fernandes a 17 de Março de 2009
Quando tiveres disponibilidade dá uma olhadela neste blog
http://justicaparaoboavista.blogs.sapo.pt/
Se poderes ajuda a divulgar. Obrigado
Tááábeeem!!!
Vou ver.
rs...rs...rs...
Bjs
LC
Será este o fim merecido para figuras como Nino Vieira?
Quem semeia ventos... colhe tempestades!!!
Ab.
LC
Esse teu perdão é bem demonstrativo do ser Humano que és.Grande abraço.
Todos devemos saber perdoar, ou carregaremos às costas um peso que nos irá derubar um dia.
Ab.
LC
Benvindo de volta mano africano!
Isto aqui fica meio escuro sem a tua luz interior.
Se quiseres "emprestar" do meu blog ( http://selvaurbana.blogs.sapo.pt) aquela que acho de longe a melhor banda africana....aproveita para inspirar 
De Ana Paula Albuquerque Almeida a 17 de Março de 2009
Bem sei que era para o Luís mas, trantando-se de música africana, não resisti e fui "espreitar". Já ouvi e tornei a ouvir e até anotei o nome da banda. É simplesmente uma maravilha.
Peço desculpa pela curiosidade e parabéns pelo bom gosto.
Não tem nada de pedir desculpa. Obrigado pela generosidade e curiosidade.
Os Mafikizolo são cinco estrelas!
E no meu blog - se gosta de África - tem muitos saberes desses emprestados :)
De Ana Paula Albuquerque Almeida a 18 de Março de 2009
Reparei nisso quando fui espreitar o seu blog e reparei também nos seus livros. Tentei contactá-lo pelo blog, para colocar-lhe algumas questões, mas sem sucesso. De qualquer forma, vou tentar encontrá-los.
Cumprimentos,
pode-me contactar via o meu mail
antoniomateus@hotmail.com
Isto anda com uma luz um bocadinho fundida, é verdade.
Ab, amigo.
LC
...as curvas da vida às vezes diminuem a visiblidade da luz. Tanto a exterior como, principalmente, a interior. Mas só não a vê, mesmo assim, quem escolhe não o fazer.
Todos tropeçamos. Aqui e ali. Mas tu és dos que sempre se levantam
Força!
Lá isso é verdade, meu amigo!
Ninguém me apanha no chão!
Ab.
LC
Quem perdoa, nestas condições, somente demonstra que tem uma grande coragem (porque é difícil) e consequentemente um grande carácter.
Tudo de bom, RS.
Se eu não soubesse perdoar, por certo seria uma pessoa muito azeda!
Assim, considero-me alguém muito bem resolvido interiormente.
Obrigado.
LC
"No final, perdoei-lhe. Mas não esqueci!" grande gesto de humanidade, sem duvida "palavras sábias..."
Sentidas, pelo menos.
Ab.
LC
Viva Luis
Estarei a exagerar, se disser que Nino Vieira foi o prolongamento do colonialismo?
E agora, como vai ser na Guiné?
Que jogos se poderão jogar naquele tabuleiro?
Abraço amigo
Neste momento jogam-se interesses da Líbia e da França.
Espero que Portugal não fique a dormir!
Ab.
LC
De Isidro Bento a 18 de Março de 2009
Sábias palavras, caro Luís.
É por essas e por outras que sou cada vez mais um "consumidor" deste espaço. Juntar um elevado profissionalismo com grande humanismo, não é para todos, mas é essa a ideia que tenho de si.
Já dizia um sacerdote que passou por estas terras de D. Fuas: "perdoar, perdoamos, mas esquecer, não esquecemos".
Um abraço deste aprendiz de jornalista.
I.Bento
Isidro,
onde trabalha?
É jornalista?
Ab.
LC
De Isidro Bento a 19 de Março de 2009
Luís, respondendo às suas perguntas.... Acumulo as funções de director e de jornalista no jornal "O Portomosense" e estou a coordenar a informação da rádio Dom Fuas Fm, ambos pertencentes a uma cooperativa de informação, sem fins lucrativos. A sede é em Porto de Mós (Leiria), terra, infelizmente, ainda desconhecida de muita gente, apesar de ficar a uns "míseros" 120 quilómetros de Lisboa.
Se não conhece, está convidado para uma visita. Como costumo dizer quando saio e conheço alguém que me parece merecedor desse gesto... pelo menos um café tem oferecido! E ao Luís eu não faço por menos :)
Já agora se quiser dar uma espreitadela...
http://www.cincup.pt/
Um abraço e votos de bom trabalho.
Ps. Ah, e a propósito de uma reportagem apresentada no telejornal e da qual fui um pouco crítico, já trocamos mails mas é perfeitamente natural que já não se recorde.
Isidro,
peço desculpa não ter relacionado.
Já prometi ao Pedro que um dia vos visitaria.
falta saber quando.
ab.
LC
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