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O “Cheiroapólvora” leva vinte e seis dias de existência e quase trinta mil entradas. Foi o blogue mais procurado logo no primeiro dia, o mesmo acontecendo na maioria dos restantes em que permaneci no Iraque. Chegou a ter mais de duas mil visitas. Nunca imaginei que tal acontecesse.
Tentei corresponder ao vosso crescente interesse. Fiz reportagens por vós sugeridas e direccionei parte das minhas intervenções em directo de Bagdade para as dúvidas que sentia existirem através das mensagens que me iam deixando; pude interagir convosco, dando um pouco mais do que os dois ou três minutos que as reportagens me permitiam; respondi a todos os comentários onde expressei quase sempre frustração e revolta, mas também esperança; percebi o que vos ia na alma e de que forma o meu discurso estava ou não a ser compreendido; publiquei imagens que guardei na retina e nas lentes das câmaras de filmar e fotográfica.
Esta experiência foi muito importante para mim, uma vez que nós, jornalistas de televisão, estamos habituados a falar e não a ouvir. Eu escutei-vos. Já sabia que existia um mundo para além do nosso - aquele para quem nós trabalhamos - ávido de informação, mas nunca pensei estabelecer convosco uma ligação tão forte. E agora, o que fazer com este blogue?
Tenho ideias: posso verter aqui o que foram as minhas experiências nas dezassete guerras por onde andei e sobre a tragédia de Vargas, na Venezuela; posso levá-lo para assuntos actuais relacionados com a temática; posso abrir espaço de debate para assuntos quentes dos nossos dias, sejam as guerras de lá ou as guerras de cá; posso até optar por uma mistura de tudo isto. As expectativas estão muito altas e temo não conseguir corresponder ao que esperam de mim. Preciso que me ajudem a encontrar o caminho, até porque este blogue já não me pertence. É de todos vós.
Muito obrigado a todos. Vocês são o melhor dos públicos!
Luís Castro
Repórter de Guerra e Coordenador do Telejornal da RTP
De Maria Elisa a 14 de Abril de 2008
Seria um «crime» fechar este cantinho: Acho que deve continuar, a mostrar outros conflitos, de loge e de perto, alguns que, certamente, nem nos passam pela cabeça.
Os seus textos têm a particularidade de serem bem escritos e numa prosa compreensível pelo comuns dos mortais.
Que tal falar da esperança que haverá ( há?) depois da saída dos militares?
Obrigada por tudo o que nos (me) deu através do «cheiro a pólvora»
Um abraço de uma «tia velha» a viver em Gaia ; é assim que carinhosamente os meus sobrinhos me tratam...e eu gosto!!
Maria Elisa
Luís,
É bom saber que, para além de ser importante para nós, também nos considera importantes. É verdade, este blog é de todos, porque muitas vezes os comentários e as suas respostas complementaram os posts e constituiram novos diálogos e sugestões.
Não tema desiludir-nos. Isso é impossível, depois do que já fez aqui. Já conquistou este público e, quer queira quer não, ele estará sempre aqui para si. Penso que falo por todos... As expectativas foram altas, e isso foi provocado por nós, leitores e comentadores, que não lhe demos descanso enquanto esteve no Iraque. Agora, chega a hora de retribuirmos. Com sugestões e de modo a ajudar-mos a manter o blog como site de passagem obrigatória.
Sugiro uma mistura de tudo um pouco: temas variados; debates acerca do mundo que nos rodeia; sugestões para reportagens, entrevistas, etc; no fundo, para manter este elo de ligação, que é o mais importante.
Bjs
Raquel
De alex a 14 de Abril de 2008
ola luis
mais do k a um conflito armado em que corajosamente esteve presente, este foi um cantinho a que me habituei a vir porque se por um lado me ajudava a compreender o que via nas suas reportagens ( nós ao contrario de voces jornalistas estamos mais habituados a ver e ouvir do que a falar ou escrever), por outro este com maior importancia para mim, me deu a conhecer o lado humano de kem faz reportagens de guerra!
já lho disse admiro-o pela coragem mas ainda mais pelo seu lado humano... e isso viu-se sempre em cada post que saia o numero enorme de amigos seus e ate familia proxima k aparecia a elogia-lo e sobretudo a dar-lhe coragem!
isso é para mim o k mais me toca... sabe k por dever profissional posso ter que um dia destes lidar com jornalistas, mas espero nunca o ter que o fazer pois isso implicaria que um desastre enorme teria acontecido... nessa altura e se o tiver que o fazer kero sempre lembrar-me k há jornalistas como o luis que não procuram uma manchete pela tragedia, mas pela noticia e k são frontais sensiveis e corajosos!
conte-nos mais... de outras guerras, das proximas de si... mas não deixe de contar...
o luis deve ter historias magnificas... mesmo k mais antigas... partilhe-as... diga-nos (se não foi pedir muito) k memorias delas guarda... mas não deixe de contar
tenho uma filha que começa agora com quase 7 anos a perceber que o nosso mundo não é perfeito e k existem guerras e conflitos e a sua visão já me tem ajudado a tentar explicar-lhe o inesplicável...
por isso e por tudo mais k não disse, não se atreva a deixar de blogar conosco......pode ser?
bjs
alex
Penso que seria essencial manter a troca de experiências de guerra, quanto mais não seja passando para o blog relatos anteriormente escritos em “Repórter de Guerra.” Quanto à organização destes relatos, seria interessante marcar, por exemplo, dois dias por semana para o efeito. Assim, os outros dias estariam disponíveis para “as guerras de cá”: a variedade de temas é muito apelativa.
De resto, continuar com o mesmo nível de dedicação ao blog e aos seus leitores! Força!
Abraço
De
Patti a 14 de Abril de 2008
Olá Luís
Confesso que ontem fiquei um pouco apreensiva.
Será que ficamos por aqui até à próxima guerra?
Este é o local onde um jornalista, que apesar de nunca deixar de o ser porque é um profissional competente, se "confessa".
Estamos todos um pouco fartos da notícias só pela notícia, lida de maneira formal, como se a morte de uma senhora que foi levada pelas chuvas e que ainda não foi encontrada, seja exactamente a mesma coisa que um resultado de um jogo de futebol.
Falta sentimento, alma, personalidade, carácter, intuição, experiência própria, vivência nas notícias deste país.
E isso foi completamente conseguido com este blog e com as tuas palavras diárias.
Sabemos as notícias por quem na realidade as viveu e não por uma agência Lusa qualquer.
Para nós é excelente porque podemos participar de tudo e entender os dois lados e muitas das vezes mudarmos de opinião que já tínhamos formada porque só nos chegava um parte da notícia.
E devias continuar com todos esses relatos e fotos que falas das tantas guerras, vidas, experiências, episódios cómicos, tragédias, gentes, hábitos etc que só um homem que esteve nesses locais o pode fazer.
Ficamos todos à espera.
De certeza!
Bjs.
Patti
A troca de experiências serão por certo a alimentação deste blog.
Quem o conhece já não passa sem cá voltar.
Como já disse noutro comentário, as intervenções no telejornal e em programas informativos sabem sempre a pouco e fica tanto por dizer.
Este espaço será uma continuação mesmo com histórias antigas que por certo nos passaram despercebidas ou apenas em imagens relâmpago nos noticiários.
A partir de agora é imporssivel deixares de blogar pois estaremos sempre aqui á tua ..... á vossa espera.
Um beijinho
Fernanda Grilo (Grilinha)
De Sandra Claudino a 14 de Abril de 2008
E agora ? Agora continuas !
Escreve da guerra que te apetecer, mas não acabes com o blog. Fazem falta espaços como este. Sabes disso.
bjos
Sandra Claudino
De Raquel a 14 de Abril de 2008
Eu apostava numa grande mistura de temas. Partilhe connosco as experiências que passou em outras guerras, os temas mais quentes da actualidade, ou seja, tudo o que achar mais pertinente.
Não se preocupe com as expectativas, elas só aumentaram bastante devido à franqueza e verdade com que nos relatou tudo o que se passava durante a guerra no Iraque. O que importa realmente é não perder esta proximidade que tem com os leitores e com os que o seguem atentamente.
Bjs.
Raquel
Ah, esqueci-me de uma coisa.
Obrigada pelo comentário. É importante para mim saber que aprecia o meu trabalho...
Bjs
Raquel
(tenho de me identificar, agora que há outra Raquel :D)
Luís, com o risco deste blog se tornar num blog militar, sempre podes puxar assunto para tudo o quanto meta pólvora, seja no Iraque, na Bósnia, no Afeganistão ou em Timor. Actualidade não te faltará, e quem melhor que tu (permite-me que te trate assim) com a experiência que adquiriste, para nos dares umas luzes e nos encaminhares para uma realidade que inicialmente nos parece distante, mas afinal é já aqui à porta.
Um abraço
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