Segunda-feira, 5 de Maio de 2008

Bassim pede ajuda

.

Olá, irmão Castro.

Como sabes, as coisas mais importantes no Iraque são a segurança e a electricidade. As temperaturas já são superiores a 40 graus e temos que ficar doze horas por dia sem água fresca por não ter electricidade. Para além de tudo isto, não podemos sair de casa depois das sete ou oito da noite.

A minha “nova” casa é muito próxima da rua principal, pelo que se torna ainda mais perigoso. Na semana passada, fizeram rebentar uma carga explosiva a apenas vinte metros da minha porta. A resistência visou uma patrulha do exército iraquiano, matando dois dos oficiais que iam a passar.

 

Sabes,

gostaria de contar ao mundo o crime da Administração Bush. O Presidente americano disse que antes de 2003 o Iraque era muito perigoso. Vivíamos em Paz, mas diziam que Saddam tinha armas de destruição maciça. Como depois não encontraram as tais armas, então acusaram Saddam de ser um ditador, justificando assim a invasão e o derrube do regime.

 

Bush, Pentágono e CIA cometeram erros, é verdade, mas agora, quem paga por eles?

Destruíram o Iraque e já não o conseguem reconstruir. Um milhão de mortos em cinco anos! Quem será responsabilizado por estes crimes? Eu sei a resposta: ninguém! Esse milhão não é importante para os americanos. E não falta quem esteja ansioso por destruir o que resta do meu país.

 

Muitos dos líderes árabes do terceiro mundo são ditadores. Imagina que os americanos os depunham a todos… teriam que destruir meio mundo!

A verdade não pode ser escondida: os americanos “cavaram” um grande crime no Iraque e agora não o conseguem tapar.

 

Querido Castro,

estou destroçado!

Sinto-me muito triste e desgostoso com o que vejo acontecer ao meu povo.

Sou Sunita, mas todos os iraquianos são meus irmãos.

Não posso tolerar o que está a acontecer no meu país.

Estou farto de fugir.

 

Envia um grande abraço a todos os teus amigos do blogue, em especial aos que têm partilhado a minha dor. E se alguém tiver forma de me ajudar a sair do Iraque e a arranjar um país onde os meus filhos possam crescer em paz, por favor não se esqueçam de mim.

Preciso de todas as ajudas possíveis!!!

 

Bassim Schuaip

مرسلة بواسطة bassimفي

publicado por Luís Castro às 01:57
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De pedro oliveira a 5 de Maio de 2008
O pior para um Pai ou uma Mãe é não poder ajudar os filhos de forma a que tenham tudo a que têm direito, para além do amor que temos por eles.Não consigo imaginar, o sofrimento do Bassim e da Mulher.
Sem querer saber muito, pois pode prejudicar eventual ajuda que o Luís estará a tentar, como é que em casos destes se consegue o estatuto de refugiado e se garante a subsistência dessas pessoas?

um abraço
De Luís Castro a 5 de Maio de 2008
Pedro,
ele já tentou essse estatuto mas não o conseguiu.
Teria que ser através do ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
E sabem que é que manda lá?
António Guterres!
Abraço
LC
De pedro oliveira a 6 de Maio de 2008
Caro Luís assim que tiver um tempinho vou colocar um SOS no meu blog, pois o Dr. Luís Amado,Ministro dos Negócios Estrangeiros é de Porto de Mós e pode ser que alguém de Porto de Mós possa fazer chegar esse SOS ao Ministro e ele por sua vez falar com o camarada,dele,António Guterres.Vamos tentar, TODOS somos poucos.

um abraço de Porto de Mós (vilaforte)
De Luís Castro a 6 de Maio de 2008
Pedro,
todas as ajudas serão bem-vindas.
Abraço
LC
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Coordenador do "Bom-Dia Portugal" (2002/2004)
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Enviado especial:
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Outras:
Formador em cursos relacionados com jornalismo de guerra e com forças especiais
Protagonista do documentário "Em nome de Allah", da televisão Iraniana
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