A calma era aparente e o dia de hoje veio mostrar que era apenas isso. O Domingo foi sangrento, com quarenta e sete mortos confirmados até ao momento. O último ataque foi há minutos, com duas granadas de morteiro lançadas na direcção da “Green Zone”. Uma caiu fora da área protegida e a cerca de trezentos metros de onde nos encontramos. O Paulo Oliveira, repórter de imagem da RTP, gravou o que aconteceu a seguir. Felizmente que caiu no meio do rio Tigre, numa das várias ilhotas existentes, acabando apenas por incendiar a vegetação. O nosso hotel está na linha de fogo, entre Sadr City e o enclave fortificado pelos americanos, e as imagens foram captadas a partir da janela do nosso quarto, no oitavo piso do Palestina.
Mas de manhã não foi assim. Quinze disparos, atribuídos aos homens de Moqtada al-Sadr, o exército de Mhedi, visaram a zona verde, acabando alguns por falhar o alvo e atingir zonas habitacionais. Do outro lado do rio, de imediato se ouviu uma voz pelos megafones mandando toda a gente recolher aos abrigos; do lado de cá, dirigimo-nos de imediato na direcção das explosões, mas o trânsito tornou-se caótico com várias estradas cortas e a polícia já não nos deixou aproximar do local. Soubemos mais tarde que tinham morrido dezoito pessoas. Mas podia ter sido muito mais sangrento o dia em Bagdade: um dos disparos caiu no mesmo local e à mesma hora onde ontem filmámos as famílias iraquianas brincando e fazendo piqueniques com os filhos (reportagem no Tejornal da RTP). Se tivesse sido hoje, o dia seria ainda mais horrível.
Outros acontecimentos em Bagdade:
* Homens armados chegaram em três carros e começaram a disparar indiscriminadamente sobre as pessoas que faziam compras numa avenida comercial. Sete pessoas morreram e dezassete ficaram feridas. Os atiradores conseguiram fugir.
*Um carro bomba explodiu num bairro xiita, matando cinco pessoas.
*Um míssil foi lançado contra uma casa num bairro xiita, provocando a morte de cinco pessoas e deixando outras oito gravemente feridas.