Todos nós estamos sujeitos a dois julgamentos:
o da Justiça – Lento
e o da Opinião Pública – Imediato.
Os Media tornaram-se, júri, juiz e carrasco
porque o “tempo da notícia” não é igual ao “tempo da Justiça”.
A Justiça tem obrigação de saber que tudo o que é misterioso levanta suspeita e que, por tal, deveria municiar a imprensa com factos correctos e concretos para se sobrepor ao tribunal da Opinião Pública. Duvido que o tenha feito.
Não serei injusto se disser que a Justiça está cada vez mais preocupada em descobrir a culpa do que a inocência; que fazer a justiça esperar é injustiça.
E não me venham dizer que a verdade é como o azeite: que virá sempre ao de cima. Todos sabemos que uma mentira repetida muitas vezes acaba por se tornar na “verdade”.
Se Carlos Cruz é inocente ou culpado, ele o saberá melhor do que ninguém.
Já ouvi muitas e variadas opiniões.
Sim, porque não passam disso mesmo: opiniões.
Por mim, oito anos depois, continuo sem formular qualquer juizo.
Entendo que essa deve ser a atitude de um jornalista.
Luís Castro
Vídeo retirado do site:
http://www.processocarloscruz.com/
Já não sei se estão no Afeganistão ou se estão por cá!
O Procurador Geral da República desconfia dos Procuradores
... chega a entregar despachos com marcas e assinaturas diferentes para detectar fugas de informação.
A Procuradora Geral Adjunta defende que os Magistrados devem ser escutados.
O Bastonário dos Advogados acusa os Magistrados de terem uma agenda política
... mais ou menos oculta. "Basta ouvir os discurso púlico de alguns", diz.
Os Magistrados dizem que o Bastonário não tem credibilidade
... e que defende "quem é objecto de investigação na área da política"
O Bastonário contra ataca: "O poder judicial - ou uma parte dele - está apostado em derrubar o Primeiro-Ministro.
Pergunto eu:
A Justiça não é para pacificar a sociedade?
Reportagem do debate que fui moderar com o Bastonário da Ordem dos Advogados, em Cabeceiras de Basto.
Luís Castro
Acabo de assistir na SIC Notícias a uma intervenção brilhante do juiz desembargador Eurico Reis, com um não menos brilhante entrevistador, o Mário Crespo.
Eurico Reis começou por afirmar que o Bastonário da Ordem dos Advogados diz algumas mentiras mas também diz muitas verdades; o problema está na forma como Marinho Pinto comunica, o que faz com que nos percamos com o mensageiro e esqueçamos a mensagem.
Sobre o modo como as investigações são conduzidas e a forma como o Ministério Público está estruturado, o juiz é extremamente crítico. Ele diz que há muitos investigadores da PJ que nunca puseram os pés numa audiência e, por tal, não sabem como se desenrolam as audiências. Assim, continua Eurico Reis, as acusações são mal feitas e quando a acusação é confrontada com o princípio do contraditório realizado pela defesa, é o que se vê.
Quando questionado sobre as fugas de informação para a imprensa, o magistrado é ainda mais crítico. O juiz do tribunal da Relação não tem qualquer dúvida: as fugas pretendem condicionar o juiz na decisão que terá de tomar. Perante isto, pergunto eu: não é da PJ e do MP que vêm as tais fugas de informação?
Por último, Eurico Reis diz que a justiça que temos continua eivada de muitos resquícios que vêm ainda dos tempos da ditadura, defendendo uma urgentíssima reforma da justiça e dá alguns exemplos: um processo em investigação deveria ter segredo total – deixando a investigação para quem investiga –, e na acusação publicidade total, ou seja, que os jornalistas exijam a possibilidade de levar a totalidade do que se passa na sala do tribunal até aos cidadãos, de forma a que a sociedade também possa “julgar” os juízes e perceber que eles só podem decidir pelo que é provado, ou não, durante o julgamento.
Juiz Eurico Reis, o que acaba de fazer é um serviço ao país, à cidadania e à justiça!
Depois das sentenças dos últimos dias, o senhor fez-me voltar a ter esperança.
Obrigado por aqueles 22 minutos!
E vocês, o que dizem?
Luís Castro