Milhares de pessoas – mais por curiosidade – haviam saído às ruas de Bissau.
Nessa altura seguia ao lado da urna, quando dei por mim a reviver tudo o que ele me fizera passar onze anos antes.
No final, perdoei-lhe. Mas não esqueci!
Nunca falei pessoalmente com o presidente assassinado, mas as nossas vidas cruzaram-se em 1998, durante a guerra civil da Guiné-Bissau. Nessa altura tive de fugir do país após uma comunicação interceptada pela fragata portuguesa onde era dada ordem para me matar a mim e ao meu repórter de imagem. Dias antes já passara por três interrogatórios, um dos quais de arma apontada à cabeça.
Momento em que Nino Vieira se refugiou na embaixada portuguesa (1999)
Durante o funeral de Nino Vieira não vi uma lágrima dos filhos (terá 25 filhos) e gritos apenas os das “carpideiras”. Como alguém disse, que país era aquele que Nino Vieira pretendia construir onde o próprio não queria que os filhos vivessem?
Nenhum vivia na Guiné.
Luís Castro
Guiné-Bissau
*** Hoje começarei a responder aos vossos comentários.